domingo, 9 de janeiro de 2011

Finalmentes

E se acabou! Mas foi uma viagem ótima! Uma das melhores de minha vida, com certeza.

Vi coisas lindas, flanei, descansei, vi pessoas queridas, gastei só com meu prazer (sem compras, sem coisas que vão para as gavetas, que lá na frente nem vou saber o que fazer com): provei pratos e vinhos ótimos, conversei com zilhões de pessoas e me diverti e aprendi muito, passeei por todo canto que quis, já tenho programa para a próxima viagem a BUE, estive com minhas queridas amigas, trouxe algumas poucas lembranças significativas que vão me fazer lembrar dos ótimos dias que passei por El Calafate e BUE.

O último dia foi a coroação de um período afortunadíssimo: manhã preguiçosa, choveu muito à noite e no início da manhã. Mas lá pelas 11h abriu, sol, calorão.  BUE de novo só em março, abril, ou na primavera.

Ajeitei bagagens, deixei o ap exatamente do jeito que o encontrei. A proprietária do ap chegou 12h45 (havíamos combinado 13h).  A entrega foi rápida, ela me devolveu o depósito certinho (vejam abaixo o mail que recebi da ByT quando confirmei a reserva. Parece peça de ficção para quem vive por aqui (BR), mas funciona feito relógio).

Eu havia marcado táxi para 13h45, para não me estressar. Liguei para antecipar - lá os rádio-táxis funcionam, gente, incrível! - eram 13h15 e o taxista levou menos de 5 minutos para chegar, pois já estava a caminho. O trajeto para o Aeroparque foi tranquilésimo, menos de 20 minutos.

Ótiimo, tempo para fazer check-in, ver free-shop (não comprar, ver...), internet...surpresa!! Chego no check-in da Aerolineas e o atendente me pergunta: quer embarcar agora?  Aaaaahnnnnnnn? Sim, tem lugar no voo, ele está atrasado, decola em 40 minutos, a senhora tem tempo de fazer imigração tranquilamente.  E as malas?  Não se preocupe, não começou o boarding; elas seguirão em ordem.

Como diria Walter Mercado (agora ele é Xanti alguma coisa...), é djáááá!

Tinha uma filinha na imigração, mas foi rapidinho. O voo (AR1222) era para sair às 14h05, mas só sairia às 15h, então banheiro, água, sentar e esperar.  Nem pensei no free-shop, óbvio.

Umas 14h45 começa o embarque (avião pequeno, apenas pouco mais de 100 lugares). A moça da Aerolineas anunciou: voo 1222, com destino a Porto Alegre...pronto: voo atrasado, mudaram portão de embarque de C para A, e ela ainda anuncia POA?  Queca geral...tumultinho básico, mas tudo se resolveu rapidamente.

Viajei ao lado de dois meninos/irmãos (20 anos e pouco), e as 2h30 voaram.  Um deles tinha tocado flauta na orquestra juvenil da OSESP.  Muita conversa, meninos superbacaninhas, muito papo, lidos, viajados, gostos  admiráveis para a idade.  Estavam com os pais (fileira da frente).  Chegada quase no horário (18h30).  Considerando que antes de sair do ap. em BUE eu tinha visto que mais de 50% dos voos estavam atrasados no Aeroparque, foi um achievement, pois provavelmente estaria esperando meu embarque por lá ainda (originalmente, eu embarcaria às 17h15). Com um dia tão positivo, até fui pelo free-shop. Tinha de pegar duas encomendas para dois amigos, aproveitei e passeei e comprei uma coisinha para mim (só uma).  Como detesto free-shop, fazia anos que não passava pelo daqui. Fiquei impressionada com o excelente atendimento de ponta a ponta: setor de encomenda, pessoal que ajuda pela loja,caixa. Só acho que poderia ser bem  maior, considerando o número de viajantes que passam por ali.  Ah, adorei o guarda-carrinho. A gente fica bem tranquilo e o atendimento também foi ótimo.  Só não sei como seria com vários voos grandes chegando, enfim...no meu caso deu tudo certíssimo.

Caminho de casa tranquilíssimo, sem engarrafamentos, motorista ótimo.

E lar doce lar!

Relendo o texto, acho que foi uma viagem Íssima em todos os aspectos.

O processo de viagem para mim é assim:

  1. entusiasmo e planejamento (acho que este último começou a mudar para menos)
  2. ansiedade e saudade antecipada de casa
  3. viagem = aproveitamento integral, até do que é ruim, nem que seja para aprender
  4. mais de 10 dias (agora uns 15, acho que até uns 20), saudade de casa
  5. dia da partida, vontade de fazer tudo em um segundo e partir e chegar
  6. chegada em casa, alegria, conforto, vontade de viajar de novo.
Que eu possa ter muitos ciclos como esse pela frente.

Até a próxima!

ByT
Estimada Miriam:

Muchas gracias por su email.

Le confirmamos su estadía en Av. Corrientes and Riobamba III para las fechas de su viaje: 03/01/2011 al 08/01/2011.
Le copiamos a continuación la información necesaria para su arribo:
Dirección del apartamento: Av. Corrientes 1965, 4th Floor Apartment D, Downtown: Congreso
Intersección: Riobamba III
A su arribo, por favor, toque timbre en el piso 4 departamento D. Muchas gracias.
Teléfono del departamento:
(+54-11) 4951-9604

El costo total de su estadía es de: US$ 345.00 (renta+gastos administrativos)
El depósito de garantía reembolsable es de: US$ 300.00
TOTAL US$ 645 - US$ 45 (gastos administrativos ya debitados de su tarjeta de crédito).
El importe a abonar en efectivo a su llegada es de: US$ 600


 
Como su llega a las 18:30 nosotros estaremos esperándolo en el departamento el día 03/01/2011 a las 19:20 hs en punto para entregarle las llaves y firmar el contrato.
Si tiene previsto efectuar compras en el Free Shop u otros trámites personales a su arribo, por favor, comuníquelo para re-pactar el horario de encuentro en el departamento. Gracias.
De existir alguna modificación en su horario de arribo o día de llegada, por favor, notifíquelo en días hábiles a la siguiente dirección de e-mail: congreso@bytargentina.com.
Recuerde que nuestro horario de entrega de departamentos que es de 9 a 21hs y que no entregamos departamentos entre la medianoche y las 06:00 de la mañana. Recuerde que el servicio de recepción en el departamento entre las 6:00hs y las 9.00hs o entre las 21.00hs y la medianoche, tiene un costo adicional de US$ 20.
En caso de suscitarse algún imprevisto a su llegada a Buenos Aires fuera de nuestro horario comercial, por favor, contáctese con nuestro representante al siguiente teléfono celular: 15-5506-3944 o 15-5506-3992.
Por favor, recuerde que el pago de su estadía se espera en efectivo; ByT Argentina no puede aceptar cheques de viajero.Tenga presente asimismo que los cajeros automáticos locales no permiten realizar extraciones superiores a los US$ 300 o $ 1.000 pesos por día.
Si le fuera posible, resultaría de mucha ayuda que Ud. pudiera traer el importe exacto a pagar. Incluso, si Ud. puediera traer por separado el importe exacto del depósito que se reintegra el día de su partida, esto permite a nuestros representantes colocar ese importe en un sobre cerrado que ya queda listo para ser devuelto el día de su partida. Muchas gracias por su colaboración.

Le sugerimos imprimir este email para conservar consigo todos los detalles necesarios para su arribo.


Muchas gracias y quedo a su grata disposición por cualquier información adicional que resultare pertinente.
Reciba mis cordiales saludos,

Jorge
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ByT Argentina Travel & Housing
EVyT - Leg.: 11105Disp.: 1373
(54-11) 4876-5000
www.bytargentina.com
congreso@bytargentina.com

sábado, 8 de janeiro de 2011

Viernes rolls!


Ooops, esqueci de colocar o link para as fotos do dia de ontem no post anterior. Sorry, e segue: http://picasaweb.google.com/miriamkeller/BUE07012011?feat=directlink.

Bem, depois de toda a andança, calorão, fui para o ap para um banho, um descansinho, pois tinha combinado jantar em casa da Ana e Sr. Staig.  Trabalhamos juntos há anos.  Fazia tempo que não os via, então aproveitei esta oportunidade.  Foi uma delícia!  Primeiramente, conheci uma BUE que nem imaginava: Olivos, Martinez, Beccar.  É como se fosse outra cidade, para dizer o mínimo.  Fica tudo na Grande BUE, e são bairros em/ou municípios diferentes.  Impressionante, como o cenário vai mudando, o ambiente, a postura das pessoas.  Fica tudo indo para os lados do Tigre e Luján (http://es.wikipedia.org/wiki/R%C3%ADo_Tigre_(Argentina)).  

Ah, e percebi que a Av. Libertador cruza tudo isso, tem 20 e tantos quilômetros!  Aliás, cabe observação: as ruas e avenidas por aqui, em geral, têm um piso excelente, raros buracos, ondulações, são muito bem mantidas em termos de sinalização.

De uma outra vez que estive por aqui, fiz um passeio pelo rio, pelo delta, até onde me lembre, mas não entrei pelos arredores.  Pelo que soube, é bastante fácil ir do centro de BUE para lá, há passeios ótimos, tudo de trem. Os lugares são lindos, eu diria quase que inesperados mesmo para quem gosta de BUE.  Numa próxima vez pretendo mudar um pouco o eixo da visita. 

A Ana me deu algumas indicações que repasso, caso alguém esteja vindo para cá e queira conhecer:
  • Em Tigre tem o Museo de Arte de Tigre. A coleção nao é das melhores - excepto por 3 pinturas de Quinquela Martin mais o local é maravilhoso > http://www.mat.gov.ar/.
  • Em San Isidro tem o Museo Pueyrredon, com pinturas de Prilidiano Pueyrredon. O local é interesante do ponto de vistá histórico e paissagístico.
  • Villa Ocampo.  (jueves a domingos de 12:30 a 18 hs.)http://www.villaocampo.org/cas/visitas/visitas.htm.Locais para comer cafeteria da Villa Ocampo ou no Captain Cook, um resturante gostosinho numa marina. 

    Pela região há montes de marinas, de barcos, de verde, de locais para caminhar, para fazer um piquenique bacana, e o rio é espetáculo à parte.  Vale muito conhecer.

    Seguem algumas fotos da noite.  Tudo muito bom. 

    Esqueci de anotar o nome do restaurante (já pedi para a Ana, depois publico) que foi ótimo! (*)

    Agradeço novamente à Ana e Sr. Staig pela recepção (a casa deles é uma delícia!), pelo jantar, pelas dicas. Quase colocamos a conversa em dia...numa próxima vez chegamos lá. E foi um prazer conhecer duas lindezas: Nina (quase coloquei ela na mala para levar para mim) e Nash (este cão é um arraso: olhos lindos e as posições que ele tem para comer, dormir, são divertidíssimas. Aliás, dizem que os animais se parecem com os donos, mas pelo que contaram, o Sr. Staig está aprendendo muito com o Nash em termos de relax...).

    Já mandei para vários ex-colegas, amigos, mas reforço: saludos y besos para: ARusso, Elê, Karina, Paulo, Cássio,Carlos, Roseli, Sany,  team do ex-C. Office, Marcela, MBock, Michel. Seguramente esqueci de alguém, porque a lista era bem maior. My fault! Mas para os que os conheceram e conviveram com eles, emito um vale-saludos+besos para compensar minha falta de memória (http://picasaweb.google.com/miriamkeller/JantarAnaEStaig712011?feat=directlink).

    Malas prontas, daqui a umas horas aeroporto (depois conto como será a epopeia, porque aeroporto é sempre algo que requer coragem, perseverança, e muito Lexotan). 

    Até breve e até o último post.

    (*) Este é o restaurante - está até mencionado acima, não atinei que era o mesmo: http://www.captaincook.com.ar/home.htm

Quase acabando...


Pois é, e só agora me dei conta de que não conheço nada de BUE.  Na verdade, até conheço alguma coisa, mas aquelas coisas que muita gente visita (Belas Artes, Biblioteca Nacional, Casa Rosada, Colón, etc.), mas tem muito mais, muito diferente e muito bonito.  Tudo bem, voltarei e me dedicarei a essa nova BUE (post seguinte).

Hoje foi dia de muitas andanças e de um calor danado (de 32 a 36C).  Fui até a Ateneo (http://www.ohbuenosaires.com/weblog/el-ateneo-de-buenos-aires) (link de fotos e vídeos abaixo). Lembro-me de tê-la visitado na última passagem por aqui.  Ficou na memória uma entrada meio escura, por causa de madeira, menos iluminação, afinal ela é centenária.  A visita de hoje foi uma boa surpresa: está repaginada, linda, harmonia total entre o belo, tradicional, e o moderno, tecnológico.  Menos vendedores, como em todos os lugares de "self-service" em que a informática firmou-se, mas o encanto da arquitetura da livraria, de seu teto, de seus balcões, é imbatível.  Uma delícia!  E como havia brasileiros! Muitos comprando livros.  Da mesma forma que quanto à Bienal do Livro (http://mskeller.blog.terra.com.br/2010/08/15/nao-basta-ser-uma-bienal/), se todos lerem uma partezinha do que compraram o Brasil estará salvo...mesmo que passando a falar espanhol.  Brincadeira...Bom rever esse templo da beleza e da leitura.

Depois, a caminho do Belas Artes (http://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_Nacional_de_Belas_Artes_(Argentina) vejam que interessante a peregrinação do Museu até chegar ao edifício atual); Museu de Arte Decorativa (http://www.mnad.org/index.php?subP=portugues) - fechado até a semana que vem; Biblioteca Nacional (http://www.bn.gov.ar/) - fechada até 6/2!!!!!! Gente, quem quiser fazer um passeio mais cultural não venha à Argentina entre final de dezembro, janeiro e fevereiro.  Fecha um monte de coisas que interessam à cultura, à arte, ao turismo. Como é que pode, não sei. Só consegui ver o Belas Artes (gratuito).  Tem um acervo muito interessante, extenso, mas está meio derrubado. Por dentro as paredes estão sujas, há vários nichos/salas fechados, os banheiros são precários, a loja é escondida.  Mesmo assim, recebe muitos visitantes, sobretudo...tchan, tchan, tchan...brasileiros, quem diria.  Percebe-se que muitos não vão a museu na terra natal, mas não tem importância, pois aqui dedicam algumas horinhas a alimentar a alma.

Diferentemente do Malba (post de ontem), não aproveitam bem o espaço aberto e privilegiado que têm, não há folder  com o mapa do museu, não há folder sobre as exposições, enfim, coisa pública...e olha que o espaço que têm, a gama de artistas, o números de obras é de peso, mas muito mal aproveitado. Aqui cabe um bate-volta ao Brasil: o que estou dizendo não é bestagem de minha parte. Frequento vários espaços em SP e, como sempre menciono em meu blog, quase 100% das exposições que vejo em museus ou institutos ou órgãos, ou o que for, são muito bem montadas. O espaço é cuidado e pensado para cada exposição.  Minha referência para considerar o que se faz em SPda melhor qualidade é o que já vi fora (EUA e Europa). Aqui em BUE, o Malba faz isso, mas o BA não.  Dá a impressão de que penduraram as obras e ponto. Parece tudo meio empoeirado, feiinho mesmo. Na verdade, desvalorizam tudo o que têm ali, que não é pouco ou sem importância.  Enfim, BA de ponta a ponta, e vamos ao Marcelo (http://www.marcelorestaurante.com.ar/prensa_01.htm), restaurante em Puerto Madero e indicação de uma amiga.

Já passava das 14h, mas portenho come tarde, então tudo bem.  Quando cheguei, o restaurante já estava com pouca lotação. Fui bem atendida pelo garçom, muito simpático.  De novo: tem wifi...Escolhi um tagliatelle com camarões e rúcula que estava maravilhosésimo, acompanhado por um ótimo Chardonnay, depois sorvete de café com calda de frutas vermelhas e café. Saí de lá umas 15h30, flutuando...Que delícia!  Quando eu for para o céu (eu vou, tá, gente!), vou querer comer esse tagliatelle pelo menos uma vez por semana. Alguém aí em cima anotou?

Aí caminhar um pouco, mesmo com o sol escaldante, para visitar a Manzana de las Luces (http://www.manzanadelasluces.gov.ar/).  Fora o local onde há um restaurante (sim, dentro da Igreja de S. Ignácio praticamente, ou pelo menos em sua área), tudo derrubadíssimo. Mal cuidado de dar dó.  Tem só uma visita guiada às 15h, da qual peguei um rabinho. Sem a visita não se entra na área.  Uma recepcionista, que costurava alguma roupa sua, deixou que eu entrasse pelas áreas térreas.  Já deu para ver alguma coisa, mas tudo muito mal cuidado, vários espaços com acesso fechado. Só mesmo onde está o restaurante - aliás esquema bem montado, área que também conta com uma feira de artesanto permanente, é que a coisa está melhorzinha (vejam nas fotos), no mais muito tapume e muita deterioração.

Depois fui para o apartamento, pois tinha jantar especial . Fica para o próximo post.

Aleatórias:
  1. muita bermuda, sandália, short, minissaia pelas ruas da cidade: turistas e argentinos, sobretudo. Não estão aguentando o calor;
  2. nada a ver com a viagem, mas como deixo a tv ligada na CNN hispano, fiquei surpresa com uma entrevista que fizeram anteontem com o Walter Mercado (aquele do "ligue djá").  Foi um negócio de mais de uma hora, com foco, seriedade do entrevistador. Uma coisa!  E ainda por cima descobri que o WM é croata...valha-me!
  3. Há um problema com filas por aqui. Apesar de sermos subdesenvolvidos no Brasil em vários aspectos, esse traço de incivilidade está quase que eliminado. Aqui é um tal de tentar passar na frente, furar fila, não gostam da fila única, ou seja, no mínimo um tema de interesse antropológico;
  4. a partir de certa hora da tarde as ruas centrais mais movimentadas, sobretudo a Florida, ficam cobertas, coalhadas, tomadas por ambulantes. Lembram-se de como era lá nos calçadões do centro de SP?  Claro que ainda tem, mas bem menos devido à fiscalização intensiva.  Pois é, aqui é SP ontem.  Segundo o pessoal daqui, esses ambulantes são basicamente bolivianos, paraguaios, peruanos e argentinos. Brasileiro não tem. Vai saber...
  5. o corredor do prédio em que estou, o vizinho da porta aberta, os sons que saem dos apartamentos fizeram-me lembrar de Manuel Puig (http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Puig), escritor argentino que ficou conhecido sobretudo por O Beijo da Mulher-Aranha, mas escreveu muito mais. Isto aqui me fez lembrar de Boquitas Pintadas.

Recordar é viver

Pois é, estive em Montevidéu há uns 13 ou 14 anos, ou até mais. Como vim a BUE, pensei em visitar meus ex-colegas da empresa em que trabalhava, branch MTVD (ex, porque me aposentei e eles também estão trilhando novos caminhos) (http://pt.wikipedia.org/wiki/Montevid%C3%A9u). Também teria a oportunidade de andar no Buquebus (http://www.buquebus.com.uy/BQBWeb/servlet/com.buquebus.web.ArmaOfertasPrincipalUry) (http://www.buquebus.com/cache/HomeARG.html), um meio de transporte interessante, que existe há muito tempo e liga BUE a MTVD e Colonia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B4nia_do_Sacramento), esta, se não me engano, a mais antiga cidade do Uruguai, a qual também visitei lá atrás.  Anteriormente, o transporte era só por barcos, tipo balsa mesmo, e de Colonia havia uma conexão com ônibus para MTVD. Hoje a empresa do Buquebus tem até aviões pequenos para várias rotas (vejam nos links).  Escolhi o barco direto BUE/MTVD/BUE.   A viagem é de 3 horas pelo Río de la Plata, marrom, imenso, caudaloso, imponente, silencioso.  O Buquebus tem uma plataforma de embarque muito boa em BUE e em MTVD. Têm auto check-in, caixa para câmbio (só em BUE), restô/lanchonete, lojinhas, enfim, toda a estrutura necessária.  Todos os barcos saem com lotação quase total. É um jeito de viajar muito interessante.  Há gente que vai com o carro (os carros ficam na parte inferior no barco), outros com suas bagagens imensas, outros com uma sacolinha, como eu. Imagens: http://picasaweb.google.com/miriamkeller/MTVD612011#.

Comprei o bilhete na 3a. para 5a. (feriado no Uruguai - Dia de Reis).  Para a ida, só 1a. classe, para a volta consegui econômica.  Considerando que são 3 horas para ir e 3 horas para voltar, na primeira dão um café de cortesia com meia-lua, suco,há bastante espaço, é menos gente, e na econômica há bastante conforto, apesar do mundaréu de gente, e não deixa de ser uma viagem internacional, valeu os US$250.  Conforto, tranquilidade, embarque fácil, free-shop, afinal estamos em águas internacionais, cafeteria com boas opções.  Deu para ler, para ouvir música, para conversar com o vizinho.  Gostei bastante da experiência. E a gente com o Pinheiros e sobretudo o Tietê dando sopa e não tem competência para aproveitar os rios dessa forma.  Vejam nos links o número de viagens que fazem com o barco. Ontem peguei às 7h30, cheguei 11h30 local (o Uruguai está uma hora à frente da Argentin), peguei de volta às 21h e cheguei às 23h em BUE. Como não há tensão, como numa estrada, não tem sobe e desce, troca de meio de transporte, não cansa muito. Dá até para tirar um cochilo.

Claro que não tem nem filme, nem música ambiente, tem umas coisas que poderiam melhorar: maior número de banheiros (é gente pra caramba nos barcos); na 1a. classe tem uma hora que o ar condicionado começa a pingar e parece que o Prata está invadindo a cabine de tanta água que cai, molha todo o carpete. Na verdade, são barcos que vão e vêm o dia inteiro, a manutenção deveria ser mais strict, e, obviamente, esses barcos têm de ser reformados ou trocados periodicamente. Acho que já está na hora de aposentar alguns.  De todo jeito, a viagem é boa, confortável, tranquila.

O interessante é fazer a imigração tanto de um lado quanto de outro. Há dois funcionários em cada balcão: um argentino e um uruguaio.  Se se vai de BUE para MTVD, se passa pelo argentino que carimba a saída, depois pelo uruguaio que carimba a entrada. Sim, mesmo antes de subir no buque. Na volta é a mesma coisa, só que ao contrário: saída pelo uruguaio, e entrada pelo argentino. Chegando nas duas cidades não se passa por nenhum controle de documentos, só no raio-x com as bagagens de mão.  Esse é um ponto fraco: há filas para passar na imigração, no raio-x, no boarding. A saída do barco também é um tanto tumultuada, pois é muita gente e só abrem uma porta em que passam duas pessoas sem bagagem ou uma com. Isso retarda bem a saída.

Tem gente de todos os lugares do mundos nos barcos: argentinos, brasileiros, colombianos, europeus de monte, poucos americanos, mexicanos. Um verdadeiro cadinho multirracial.

Chegando em MTVD, Claudia e família (veja que gente linda: http://picasaweb.google.com/miriamkeller/JPMICVP06012011?feat=directlink) vieram me buscar para o almoço. Primeiro uma passada pela rambla (praia de água doce, ontem lotada pelo dia lindo e pelo feriado), Pocitos, depois Carrasco - me lembrei dos lugares por onde passei há mais de década, e finalmente a casa de meus amiguinhos JP e MI (uso rrotapê e emei, porque são agentes secretos e não posso revelar sua verdadeira identidade...).   Uma delícia de bairro, de casa, de família, que me recebeu maravilhosamente. Muita conversa, papo em dia, brincadeiras, histórias. Horas ótimas de convivência.

Depois fiz um tour pela cidade (já havia contratado esse serviço antes de sair de BUE) por umas 3 horas, e depois porto para voltar.

A cidade está linda. Verdade que me lembro bem pouco, afinal tantos anos...mas, gostei demais de rever a rambla (lembro-me que quando fui lá, bati de ponta a ponta tudo aquilo a pé), as praças (MTVD é umas das cidades com maior número de praças no mundo), o verde, os edifícios novos, os antigos, pontos por que passei quando estive por lá. A Praça da Independência tão linda;o porto; os calçadões que antes não existiam, e por aí vai.  Vejam as fotos e vídeos: http://picasaweb.google.com/miriamkeller/MTVD61201102#. A única pena é que me lembrava bem de lindos edifícios, casas, no caminho do porto, e que estavam muito combalidas quando estive por lá anteriormente e continuam se deteriorando. Pena mesmo...

A cidade é tranquila, sossegada, mas muito boa de visitar e passear.  Tem uma estrutura interessante.

Valeu voltar depois de tanto tempo!

Algumas observações:

  1. as lixeiras da cidade são as mesmas de SP e BUE. Cor diferente, mas igualmente frágeis e mal dimensionadas;
  2. as placas com os nomes das ruas têm patrocínio, por isso são bem mantidas, bonitinhas, bem visíveis, e provavelmente a prefeitura da cidade não gasta nada com elas;
  3. o calor em MTVD ontem estava demais, acho que uns 30C ou mais, mas como tem uma brisa do rio e há muito verde, todo bajo control;
  4. da mesma forma que em outros países da AS (Brasil e Argentina, e.g.), os chineses estão caindo de boca no Uruguai, pelo que me disseram.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Carácoles! Qué día!

Não estou reclamando, não.  Foi um dia mais que ótimo, supermegablasterinteressante.

Comecei o dia acertando meu passeio de amanhã. Todo arreglado!

Depois fui visitar o Museo del Agua y de la Historia Sanitaria.  A Aysa, companhia de águas e esgoto argentina, recuperou o prédio e começou a realizar visitas guiadas (2a, 4a, 6a às 11h - de graça). Vejam as fotos e o link também (http://www.aysa.com.ar/index.php?id_seccion=189). O prédio é inacreditável!  Ocupa um quarteirão, foi projetado e construído por uma empresa inglesa, o que lhe garantiu solidez, beleza, racionalidade.  Basicamente, todo o revestimento externo foi produzido na Inglaterra e trazido para cá.  A parte de fundição é belga, os melhores à época na área.  Franceses também participaram dos finalmentes.  Ou seja, um edifício globalizado que resultou em algo lindo, que cumpriu sua função: armazenar água e alimentar a cidade de BUE do final do século XIX até meados do século XX.  No prédio havia 12 reservatórios que continham 72 milhões (milhões, gente) de litros de água. Ali, na Córdoba com Riobamba. A visita guiada é realizada por uma funcionária da Aysa.  Muitas informações interessantes, muita história, muito folclore.  São 45 minutos interessantíssimos. O ritmo é corridinho, mas dá para acompanhar perfeitamente. Sobram sempre perguntas no final, mas tudo é esclarecido com muito boa vontade.

O prédio está sequinho hoje, mas pensar que ali havia toda essa quantidade de água é de dar medo. Eu não moraria por ali tranquila. Aparentemente, à época, o pessoal que morava por ali também resistiu um pouco à construção do reservatório.  As peças que revestem a fachada, os canos, os medidores, as peças de metal, tudo mantido maravilhosamente, de uma beleza, qualidade impressionantes.  O museu é relativamente pequeno, não tem ar condicionado (estava quente pra caramba), não tem muita segurança, mas de momento cumpre seu papel. Valeu muito a visita.

Hora de cuidar da área gastronômica. Fui a um restaurante recomendado por uma amiga lááá em Nuñez.  Deu uns 20 minutos de viagem.  O trânsito continua tranquilo, mesmo assim é longinho.  Mas valeu conhecer o Sucre (http://www.sucrerestaurant.com.ar/sucre/default.htm).  Muito bonito, bem modernoso, em um lugar bem simpático.  Comi um peixe preparado com laranja e verdes, comi um flã tíbio de açúcar de cana e laranja com espuma de chocolate branco e frutas vermelhas, e um vinhozinho, claaroo. Café também, of course.  Não é barato, saiu uns R$ 80 (não é barato aqui, né?).Atendimento bem bonzinho.  Cheguei às 12h30, portanto fui a primeirona.. Aqui almoçam e jantam bem mais tarde que nosotros en Brasil. Começou a encher lá pelas 13h30, mas é muito grande, então quando saí (umas 14h) ainda tinha muito lugar.

Caminhei até a Libertador (viram como estou dominando a geografia da cidade?), vi ruas tranquilas, verdes, muitos prédios sofisticados. Já tinha passado com o táxi por Belgrano R(esidencial), onde também se percebe uma mudança em termos de padrão de prédios, casas, ruas, paisagismo.  Os dois bairros são muito bonitos e mais residenciais.  Na avenida peguei um táxi, pois a próxima parada seria o zoo da cidade.

O zoo oferece um passaporte por P$ 22. Nesse passaporte estão incluídas entradas para o aquário, ofidário,espaço tropical,além do acesso normal.   Montes de gente, mesmo sendo uma quarta-feira.  Só que foi um tanto decepcionante: saí com a certeza de quem é responsável por aquele zoo ODEIA animais de qualquer espécie.  Tudo muito sujo, abandonado, os animais estão em lugares deterioradíssimos.  A gente percebe que o projeto do zoo é fantástico. Há prédios lindos que estãocompletamente abandonados, caindo aos pedaços.  O aquário é do tamanho do de Santos, mais ou menos, mas bem largadinho. O ofidário é o que está melhorzinho. O tal do espaço tropical é um verdadeiro nojo.  O restante (jaulas ou espaços onde estão leões, ursos, macacos, etc.) é de dar dó. Uma pena mesmo. Aliás, isso me lembra que há muito tempo não vou ao zoo de SP.  Já incluído na lista. Não tenho ideia de como está nosso zoo também. Espero que esteja melhor que o daqui.

Depois do mundo animal, vamos para o mundo da arte: MALBA (http://www.malba.org.ar/web/home.php), museu dos Constantinis, aqueles que compraram o Abaporu,lembram-se?

Filas para entrar. Aliás quando eu já estava fazendo a visita, percebi que havia fila na calçada. A entrada é bem barata = P$10 ou meia =P$5. Hoje o museu fica aberto até 21h. Fica relativamente perto do zoo, uns 10 minutos de táxi. Ele não é tão grande, mas é muito bem aproveitado e bem bonito.  Além da coleção permanente, havia uma exposição de Marta Minujín (http://www.malba.org.ar/web/exposicion.php?id=108&subseccion=actuales). Muito interessante! Eu compararia a artista, de certo modo, a Laurie Anderson (http://mskeller.blog.terra.com.br/2010/11/11/um-pouco-mais-de-tudo/). São tempos diferentes, técnicas diferentes, acesso a outras tecnologias, mas a criatividade, inquietação, versatilidade são as mesmas.  Ao vivo, depois, conto algumas coisas que foram surpreendentes, e põe surpreendente nisso. Não deu para fotografar tudo e contar escrevendo vai virar romance, melhor ao vivo.  Valeu conhecer o museu e, sobretudo, essa exposição temporária. Ah, sim, na coleção permanente há obras de Di Cavalcanti, Palatnik, Cicero Dias, Ligia Clark, Krajberg, e vários outros brasileiros.

Agora vamos para a área política: Casa Rosada. Cris não estava, infelizmente, mas que fazer?  Não via a CR  há mais de década, a Plaza de Mayo e a Catedral, tudo ali pertinho. Lembrei que vi aquele espaço, pela primeira vez, em 78 ou 79, quando Jorge Videla governava o país. Isabelita estava presa, tinha soldado para todo lado, sempre devidamente armado. Havia toque de recolher. Ainda bem que BUE voltou a respirar democraticamente. A cidade merecia.

Depois, momento falta-de-juízo:Galerias Pacífico (http://www.progaleriaspacifico.com.ar/). Não comprei nada, tá, estou muito light nesse aspecto, mas aproveitei para rever o lugar. Também fazia um tempão, mas era bem como me lembrava: lojas ótimas, praça de alimentação boa, muitos quiosques bem montados, prédio lindíssimo.  Ronda feita, lanchinho tomado, resolvi voltar a pé para casa. Lonjinho, mas o dia estava claro, gostoso, então fui tranquila, olhando tudo, e muito contente por poder ter feito tudo o que fiz no dia de hoje.

Amanhã...surpresa!!!!!

link: http://picasaweb.google.com/miriamkeller/BUE512011?feat=directlink

Aleatoríssimas

Resolvi ir anotando o que via, ou lembrava que queria comentar e acabei esquecendo.  Uma cacetada, mas é o olho do turista acidental. De repente tem alguma coisa interessante para meus leitores (sou otimista, né? Acho que tem mais que um...nada como ser positivo e ter esperança. O sonho é que nos mantém vivos).

Vamos lá:
  1. como gostam de toranja/pomelo por aqui!  Eu mesma comi de monte no café da manhã em El Calafate e tenho tomado muito suco da fruta. Engraçado que embora haja várias frutas por aqui, suco natural  mesmo só de laranja e pomelo. Este é mais amarguinho (sempre tomo sem açúcar ou adoçante), mas acho bem gostoso;
  2. o trânsito parou, alguém fez alguma coisa indevida, o pessoal usa a buzina sem dó. Não há sinfonias de buzina, mas, e.g., se alguém está indo devagar e o sinal está para fechar, o motorista de trás buzina, o outro acelera, e não tem briga, sinais pornográficos, ou o que seja.  É parte do código local de trânsito pelo jeito;
  3. a cidade é bem grande, espalhada, mas muito fácil porque é planejada. A gente percebe isso do ar,chegando, e pelos mapinhas para se locomover por aqui;
  4. hoje andei bem de táxi, pois fui de leste a nordeste e sudoeste da cidade e não queria perder tempo andando muito ou no transporte público.  Todos os taxistas foram muito simpáticos, divertidos, conversadores. E como gostam de falar de política!  Lembrem-me e conto in person algumas tiradas ótimas sobre a presente situação política;
  5. choveu a noite toda, até bem forte. Lá pelas 10h30 parou de vez, mas ficou um calor úmido, terrível, pesado.  Das 12h em diante, sol, calor de novo. Como andei muito agora à tarde, minha roupa ficou molhada (eeecaaa!). Impressionante!
  6. o nome do restaurante a que fui ontem, em Madero, é o El Mirador. Comi um ojo de bife, uma salada. Esqueci de comentar que o garçon, um homem de uns 60 e poucos, foi muito simpático.  De novo, botou política na conversa, a coisa flui;
  7. não vi reciclagem por aqui, nadica;
  8. hoje, como subi desde a Casa Rosada até Corrientes com Riobamba, ou seja, andei um bocado de novo, passei por alguns lugares (uma praça grande) em que os sem-teto estavam se acomodando. Como já mencionei, nada perto do que temos em SP, mas vi o que não havia visto até agora. Não vi ninguém pedindo ainda, mas várias pessoas revirando sacos de lixo para ver se achava algo de algum valor. Não vi ninguém abordando os passantes;
  9. há barraquinhas de flores em todos os cantos, e com preços muito bons. Ai, como eu queria isso em SP! Outra coisa que há em várias partes são quitandas ou mercadinhos, estes voltados sobretudo para frutas e verduras. Isso sumiu de SP, pelo menos dos bairros mais centrais, há mais de década. Uma pena!
  10. A FarmaCity é uma rede de farmácias que está em todo lado. Não sei como as farmácias menores fazem para sobreviver. É um monopólio gritante e gigante;
  11. apesar da tranquilidade perceptível por aqui, tenho ouvido notícias no rádio, sobretudo durante as viagens de táxi, sobre assaltos a residências, a banco, enfim...lá e cá há bandidos.  Lembrem-me de contar a história de um assalto ocorrido ontem em um banco: tragicômico!
  12. Como usam pratos, travessas grandões aqui em BUE nos restaurantes. Bonitões, bacanas, enormes. É diferente comer nessa louça;
  13. os faróis têm vermelho, amarelo e verde, mas não tem tempo para o pedestre cruzar/atravessar a rua, i.e., não são de 3 tempos. Felizmente, os motoristas daqui não têm o instinto assassino que os pelo menos paulsitanos possuem. Param, esperam o pessoal atravessar, e aí vão.  E olhem que eu atravessei rua de monte ontem e hoje, e o pessoal atravessa sem pressa. Dá um medo, mas pelo jeito é assim que funciona por aqui;
  14. mencionei em meu outro post, acho, que após começar a usar o ipad percebi a pobreza de wifi free em SP. Aqui quase todos os restaurantes a que fui têm, o shopping tem (Pacífico), o museu tem, ou seja, é o que eu esperava encontrar na minha cidade. A gente chega lá.
  15. Eles têm um problema com troco aparentemente. Estão sempre pedindo notas menores. Não sei se não é medo de falsificação, mas me pareceu mais questão de falta de troco mesmo;
  16. tenho de concordar com minha amiga (Elê), os serviços na capital deixam a desejar. Ainda acho que não é tão ruim como em SP - sei lá se sou mais crítica com os da minha terra, afinal é lá que vivo e é lá que quero que a coisa seja boa; pode ser - mas achei a coisa pior por aqui do que em El Calafate.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

BUE é bonita mesmo



Mas vamos do começo.

Em primeiro lugar, despedida formal de meu tênis de quase 20 anos.  Deixei-o em El Calafate,afinal ele merecia um local glorioso para repousar ad eternum.  Vai ser difícil adaptar-me ao tênis que tenho em casa (novinho) há anos, com cadarços.  Mas é a vida.  Adeus, meu fiel amigo!

Ontem, como mencionei em post anterior, o tempo ficou feio em El Calafate, mas até a saída do voo para BUE já deu uma melhoradinha. Mesmo assim, muito longe do que foram os 7 dias que passei na cidade.

Fui para o aeroporto tranquilamente, fiz meu check-in (a Aerolineas só tinha uma posição de atendimento para vários voos que saem quase ao mesmo tempo. Um horror!) e fiquei aguardando a hora de embarcar.  Chegaram minhas amigas, e, felizmente, uma delas, escolada em viagens, foi perguntar sobre taxa de embarque.  E não é que tínhamos de pagar P$ 38, senão não embarcaríamos? O motivo de minha surpresa é que: (1) a última taxa de embarque que pague foi há uns 10 anos, depois disso sempre esteve incluída no bilhete; (2) nem a loja da Aerolineas (poderiam inclusive cobrar ali e tornar todo o processo mais expedito para todos os lados) quando fiz meu pré-check-in, nem o balcão no aeroporto salientaram isso.  O caixa, está longe dos balcões de check-in, não há avisos luminosos.  Imaginem o "lio":  você não sabe da taxa (ah, sim, no boarding pass também não há nada escrito tipo: verifique se há taxa a pagar, ou não deixe de pagar sua taxa de embarque antes de dirigir-se ao embarque), vai para fila, chega na porta no embarque e...é solicitado a voltar para trás, pagar aquilo correndo, voltar correndo, para não perder o voo.  Ali dão 30 minutos entre início do embarque e levantar voo, o que significa pegar fila, passar pelo controle de embarque da companhia aérea, passar no raio-x, subir uma escadaria de 25 degraus, correr pelo finger e entrar no avião.  Parece muito tempo, mas não é, sobretudo porque só há um equipamento de raio-x, a tal escadaria não é facinha, principalmente se se está carregando algum peso.

Quando cheguei, só percebi que o aeroporto era pequeno, mas agora ao embarcar para BUE percebi que ele está muiutooo aquém do que é necessário para uma cidade que vive basicamente de turismo, cresceu e está crescendo tanto. E pasmem: a área da lanchonete, que obviamente é alguma concessão, é maior do que o espaço dedicado ao raio-x + formação de fila para embarque + balcões de chek-in das companhias.  Alguma coisa está bem errada nisso, né, não?

E é uma pena esse imbroglio final, pois isso deixa uma péssima impressão no turista. Muita bagunça, muita impovisação, muito desconforto no adeus.  Muita gente não voltará, com certeza.

Como o tempo melhorou, o avião decolou no horário, e chegou um pouquinho atrasado em BUE. O Aeroparque (que fica dentro de BUE) é pequeniníssimo para o volume de voos. Menor que Congonhas, acho, sendo que o Aeroparque recebe/despacha inclusive voos internacionais.  Meu voo chegou junto com outros 3, aí a coisa pegou. Nada de vir as malas, uma demora bem considerável. Depois fila para os táxis: nada muito complicado, mas demorou um pouco.  Eu tinha horário com o pessoal que me alugou o apartamento em BUE às 19h20, às 19h01 peguei o táxi! Ainda bem que o celular funciona bem por aqui.  Liguei para informá-los que me atrasaria uns10 minutos. Sorte que o trânsito, apesar da segunda-feira e meio que horário de pico, estava bom. Como SP, BUE também está um tanto vazia. Muita gente ainda em férias, muitos foram para o litoral ou até para Viña (Chile), então até a semana que vem isto aqui está bem tranquilinho.  Verdade que há zilhões de brasileiros, aliás em alguns espaços é mais fácil ouvir português do que espanhol, mas mesmo assim a cidade está tranquila.

Vale lembrar que o táxi em BUE é baratíssimo e há zilhões de táxis.  Alguns carros muito bons, outros meio baleados, motoristas em geral de boa vontade, falantes, simpáticos. E o pessoal aqui toma táxi! Bom, eu também tomaria se o preço fosse o mesmo em SP.  É preciso dizer que o trânsito aqui tem suas complicações, mas nada que se compare a SP atualmente.  E o pessoal no volante corre por aqui, atravessa cruzamentos menores quase que sem olhar. Um negócio! Mas não vi nenhum acidente até agora, e olha que andei o dia todo por regiões bem movimentadas.  E em alguns aspectos os motoristas daqui são tão ruins quanto os de SP (http://mskeller.blog.terra.com.br/2010/09/24/reflexoes-de-um-passageiro/).  Ontem, quando vim para o apartamento, o táxi não sabia de que lado ficava o número que lhe passei. Ora, ora, ora...é a mesma coisa que um motorista em SP não saber para que lado estão os números pares ou ímpares da Paulista, da Consolação, da Rebouças...e a Corrientes é uma das principais artérias da cidade. Ou seja, lá como cá, o pessoal não enobrece muito a profissão.Ah, e aqui têm um superobelisco.  Sei não se todos sabem onde fica.

Bem, cheguei ao endereço do apartamento que aluguei (Av. Clorrientes com Riobamba), e lá estavam os proprietários do imóvel e a pessoa da ByT.  Eu soube por uma amiga desse esquema de aluguel de apartamentos para curtíssimos, curtos, médios, longos prazos em BUE.  Nós, brasileiros, sempre ficamos um tanto desconfiados de acertos à distância sobre coisas que não vimos de fato, mas aqui funciona muito bem. Aliás, parece-me que a ByT é a maior companhia, mas existem muitas outras.

Funciona assim: o proprietário põe o imóvel para alugar em várias empresas (mínimo 5 dias, em geral).  Disponibiliza fotos, descrição detalhada, e até opiniões de pessoas que já utilizaram o imóvel.  Tem centenas à disposição.  Você entra no site das empresas que alugam, escolhe o apartamento, manda uma solicitação de reserva.  Daí uns dois dias respondem (como o imóvel está em várias empresas, eles precisam se certificar de que ainda está available).  Confirmada a disponibilidade, pedem seu cartão de crédito para cobrar a comissão (no meu caso US$ 45).  O apartamento e um depósito de garantia (este devolvido integralmente na devolução do apartamento, após vistoria pelos proprietários e pela empresa) têm de ser pagos cash.  No meu caso, US$ 300 das diárias e outro tanto pelo depósito.  É muito barato, pois um hotel bonzinho para o mesmo período me saria no mínimo pelo dobro, i.e., US$ 600.  Claro que eu tive de comprar umas coisinhas para o café da manhã ou terei de pagar algo para tomar café em alguma padaria, ou cafeteria, mas a diferença ainda é bárbara. E você tem toda liberdade, pode tomar um lanche à tarde ou à noite, por exemplo.  Bem,vamos esperar o final para ver se dá tudo certo, aí mando o link o meu apartamento, o texto que a ByT manda para a gente quando da reserva, etc.

O apartamento que aluguei fica numa área bem central, com tudo muito fácil (hoje fui a pé daqui até Madero - dá uns 20 quarteirões, mas tudo tranquilo, plano, fácil): restaurantes, supermercados, farmácias, livrarias de monte, teatros (pena que tudo começa a partir da semana que vem, senão...tem uns 3 teatros aqui perto. Um inclusive vai levar Drácula, musical).  Apesar do movimento, não tem barulho excessivo.  O apartamento é um estúdio: varandinha muito boa, protegida pelas árvores da rua, quarto-sala bem amplo, banheiro bem bom, mini-cozinha. Todo aparelhado: tv, forno microondas, fogão top, cabo, internet, cofre, telefone sem custo para ligar para BUE, ar condicionado, portaria 24 horas (mais o porteiro dorme à noite aqui, do mesmo jeito que em SP).  Há uns 10 apartamentos por andar. Tem uns 150 apartamentos. Não é um prédio super bem mantido, mas como é para entrar e sair, está ótimo.

Há um vizinho, duas portas adiante, que fica com o apartamento aberto.  Passei por lá umas 3 vezes em horários diversos e lá estava ele: lendo o jornal, na janela...weird!  Mas tudo bem.  O fato é que é tudo bem silencioso.  Único senão: cheiro de cigarro pelos corredores. O pessoal daqui da cidade fuma bem.

Os donos do apartamento são um casal de idosos. Devem ter feito seus investimentos, e hoje ganham uma boa graninha com o aluguel do apartamento. Aparentemente eles não têm problemas com os inquilinos.  Aliás o imóvel deles está alugado até abril, se não me engano. Eles proveem roupa de cama (mais uma troca), de banho (várias trocas), produtos de limpeza, até de toalete, louças, talheres, panelas, enfim, uma estrutura muito boa.  É tudo bem simples, mas funciona.

Hoje cedo fui ao Dia que existe aqui em frente, Tão ruim quanto em SP: sujo, desabastecido, com alguns itens em péssimo estado.  Comprei só o estritamente necessário.  Há outro supermercado uma quadra adiante. Amanhã passo lá.  Mas já tenho tudo o que preciso para o café da manhã e algum lanchinho.

Apesar de a cidade estar cheia de turistas e ser período de férias no próprio país, muitas coisas só reabrem em fevereiro ou março. Bom, né?  Exemplo: Teatro Colón (http://pt.wikipedia.org/wiki/Teatro_Col%C3%B3n), para visitas = março; prédio dos tribunais (http://es.wikipedia.org/wiki/Tribunales_(Buenos_Aires) = fevereiro.  Fiz uma visita ao Colón há muitos anos, bem antes da reforma/restauração, então gostaria de visitá-lo novamente, mas não deu/vai dar. A gente tem de contar com a boa vontade e com o que sabem porteiros, seguranças, recepcionistas. É mole?  Bem, fiz algumas fotos e vídeos. Andei para caramba.  Vejam no Google Maps - Corrientes 1965 até Puerto Madero, fazendo uma passagem pelo centro da cidade (Florida e companhia).  Foi ótimo!  Como já estive na cidade algumas vezes, agora quero mesmo é flanar, ver uma coisa ou outra, o que der vontade, e só.

Madero está muito bonito. Quando vim aqui pela última vez, há muitos anos, os armazéns ainda não estavam todos recuperados. Agora está quase tudo em ordem.  Há muitos espaços para alugar, mas aumentou o número de restaurantes, o calçadão foi ampliado, está tudo muito bem mantido.  Uma delícia andar, sentar, olhar o rio, atravessar os pontilhões, olhar para o entorno.

Nossa, comentário totalmente aleatório:como tem bidê no país!  No hotel, neste apartamento.  Acho que a duchinha higiênica não faz muito sucesso por aqui.

E pelo centro da cidade tem muita distribuição de propaganda: restaurantes, câmbio, excursões. Gente de monte fazendo esse trabalho.  Foco: brasileiros sobretudo.

Ontem fui jantar num restaurante muito bacana, que pertence a um produtor de vinhos.  Pratos excelentes, serviço muito bom, local agradabilíssimo. Recomendo: Experiencia del Fin del Mundo (http://www.bodegadelfindelmundo.com/#/novedades/) (http://www.bodegadelfindelmundo.com/Experiencia/Default.aspx).

Bom amanhã é dia de ir para o lado dos parques, Retiro, Palermo. Parece que vai chover por aqui, mesmo assim vamos que vamos.

Link fotos/vídeos: http://picasaweb.google.com/miriamkeller/BUE412011?feat=directlink