sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ultiminha de 2010

Em todos estes dias, só vi a Sra. Kirchner na tv hoje, ref. a seu pronunciamento para a nação ontem. Para quem é do país de Lula isso é um tanto surreal. E se acabou por 2010!

Um final e um começo de ano inéditos

Pois é, primeira vez na vida que passo um final e começo de ano fora de S. Paulo.  E sabe que estou achando ótimo? Vendo coisas lindas, numa cidade de que estou gostando demais, num clima delicioso,fora daquela muvuca que vira minha cidade entre o Natal e Ano Novo. Se eu tivesse de dar a receita, não teria conseguido fazer a coisa sair tão bem.  Foi uma escolha de lugar e época um tanto aleatória, quase tresloucada, mas que resultou fantástica para minha sorte.

Bem, antes de mais nada, uma ótima passagem de ano a todos e que 2011 seja generoso com todos nós (já disse isso algumas vezes, tomara que as grandes forças do Universo tenham tido tempo de ouvir ou ler alguma vez).

Meus planos para hoje eram tomar um vinho com minhas amigas que voltaram de El Chaltén (acho que escrevi sem o l em outros posts, sorry!}e estão em outro hotel,e voltar para o meu, para ver o ano novo chegar. Adoro a época, mas não a liturgia.  Gosto muito de passar essa noite sozinha. No entanto, minha amiga Elê fez questão de minha presença, então acabei mudando os planos, e vou lá ter com elas para o jantar, com o maior prazer evidentemente. A vida é assim mesmo: vale por aceitar essas mudanças de rumo inesperadas que nos propiciam mais alegrias do que podíamos antever. Definitivamente, um final e começo de ano totalmente fora dos padrões e que vai ser muito bom!

Hoje foi dia de visitar o Lago Argentino, mas aqui en El Calafate mesmo.  O lago está por todos os lados, pois é onde está o Glaciar Perito Moreno e o Glaciar Upsala, ou seja, uma massa de água fantástica.  Segue o link com fotos e vídeos (hoje bem melhores, afinal, como mencionei ontem, o problema não era a máquina mas a fotógrafa...): http://picasaweb.google.com/miriamkeller/LagoArgentino31122010?feat=directlink.

O acesso ao Lago Argentino aqui na cidade é ótimo. Estrutura excelente em termos de calçadão, iluminação, bancos, plataformas, belvederes, escadas, rampas.  Só que pelo que vi, nem o pessoal da terra vai muito ali, nem os turistas.  Os da terra até entendendo, época de muito turista, todo mundo trabalhando dobrado...

No inverno, quando o lago congela, é uma pista de patinação.  Vê-se que o lago está bem seco, está esperando as chuvas que acontecem em janeiro e fevereiro sobretudo, além de mais degelo para encher.  Percebam o tamanho da área que está seca, o quanto de água isso significa. É de dar medo...

Amanhã vou andar por ali novamente, já que o dia será tranquilo (na cidade quase tudo estará fechado, e meu último passeio é no domingo), e adorei a paz dali. Dá para sentar e ficar olhando e ouvindo os pássaros, as montanhas, umas poucas pessoas que se aventuram a caminhar pela área seca do lago, ouvir o vento. Nossa, vale por uma sessão psicoterápica, ou de massagem relaxante, ou porrezinho. Impressionante!

Vejam os números relativos ao lago neste link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lago_Argentino. Impressionante, para dizer o mínimo, e tudo natureza, não tem mão do homem.

Sabem que nunca vi tanto flamingo junto na vida?  E há muitos outros pássaros/aves que passeiam ali, pertinho da gente.  Basta ficar quietinho e apreciar.  Fora os cavalos que levam para pastar ali, que não são muitos, não vi outros animais. Talvez até tenha algum roedor, mas não vi nenhum.  As aves é que fazem o espetáculo.

Único ponto negativo: acabou com meu tênis (aquele que não tem cordões).  Devo confessar que esse tênis deve ter uns 18 ou 20 anos.  Dá para ter uma ideia de quanto NÃO gosto de tênis e quanto evito usá-los.  Na verdade, comprei esse justamente porque não tinha cordões, meio barato, da Olympikus (nem sei se existe essa marca ainda), que usei em pouquíssimas ocasiões/viagens, e sobretudo quando ia e voltava de meus exercícios na Biodelta. Mas agora, depois de literamente ter metido o pé na lama do lago, não vai ter jeito, vou ter de descartá-lo mesmo. Mas amanhã me despeço dele com uma última andança pelo lago, e mais um pouco de lama para coroar suas atividades de décadas.  Prometo que não vou chorar, mas que vou sentir sua falta, aaaah, isso vou.

Bem, acho que post novo, a não ser que algo extraordinário aconteça (esclarecendo: para ser extraordinário, diante de tanta coisa fantástica que tenho visto, tem de ser extraordinário mesmo), só no domingo, depois do 4x4 pelas montanhas.

Gente, pé direito amanhã; olho no horizonte, que é lá que estão os sonhos, as esperanças, a força e o motivo de viver.  Grande ano para nós todos.

Rapidinhas complementares

  1. Na última foto que está no link do post de ontem (Trekking), menciono um fungo que está acabando com boa parte das árvores daqui. Há regiões em que parece que houve uma queimada.  Os troncos estão secos, retorcidos, cinzentos.  Visualmente é até bonito de ver, mas saber que isso está se alastrando sem controle é doloroso.  Aparentemente não sabem como conter o tal fungo. Ele é amarelinho, bonitinho, parece um ramo de microflores.  Só que ele suga toda a seiva da planta, e quando ela morre, ele morre com ela. Dramático esse fungo, não é? De qualquer forma, ele se alastra e muito.  Desde o Parque dos Glaciares até El Calafe, ou seja por 80 km vê-se essa praga.  Tomara que consigam uma "vacina" o mais rápido possível.  Como disse, visualmente é até bonito, mas isso representa a morte de grande parte de uma flora deslumbrante;
  2. como cuidam tanto da natureza por aqui (e realmente o pessoal tem uma boa consciência sobre o tema), poderiam fazer, sem ter vergonha por isso, como fazem nos hoteis da Europa.  Se sua toalha está limpa e você pode usá-la mais de um dia não trocam.  Se voê quer que troquem todos os dias, trocam.  Tem lógica, afinal na minha casa não troco toalhas e piso de banheiro todos os dias. A economia de água e não eliminação de produtos de limpeza na natureza são consideráveis.  Portanto, lá vai sugestão para a prefeitura e setor de hotelaria (me aguardem...);
  3. não vi nenhum mendigo, pedinte, menor abandonado, ou qualquer indívido próximo disso, tipo roto, rasgado, sujo.  Há muita gente simples, que a gente vê que tem empregos mais braçais, gente que mexe na terra, mas nada perto de um miserável. Que Deus conserve assim;
  4. falando em conservação: mencionei que vi alguns poucos dejetos por aí. Mesmo no passeio de hoje (Lago Argentino), uma área imensa, se vi meia dúzia de itens descartados, que não deveriam estar ali, foi muito. Mesmo assim, a cidade é pequena, enche só em alguns períodos do ano, é mais passagem que estadia para os que vêm para cá, aparentemente, então tomara que não percam o controle, pois isso seria muito triste. Aliás, mesmo que a lógica de qualquer lugar turístico seja crescer, desenvolver-se, tomara que aqui não cresça demais.  Isso será, seguramente, melhor para os que vivem aqui e para os que vêm aqui.  Eu não gostaria de enontrar uma El Calafate muito diferente do que é hoje daqui a uns anos, i.e., tipo uma Bariloche. Acho que o diferencial da cidade é essa beleza contida, essa vida tranquila, sem sobressaltos, sem multidões, sem ostentação.  Mas hoje, por exemplo, os hoteis estão todos lotados, os restaurantes também.  De onde saiu tanta gente, nem imagino.  O pessoal que trabalha nesses lugares está quase estafado, mas eles sobreviverão...e tomara que não passe disso, dessa coisa bem sazonal;
  5. vou perguntar a meu consultor para assuntos aleatórios (o Mario, motorista): onde estão os velhinhos daqui?  Conbsiderando o clima, a tranquilidade, deveria haver montes de anciãos. De tudo que andei por aí, não vi nenhum. NENHUM!! Pessoas de idade, só turistas, daqui, nenhum. Vou perguntar e depois revelo onde escondem las personas mayores de aqui;
  6. ontem havia uma dezena de motos no estacionamento do hotel, e uma leva de gente.  Hoje pela manhã já tinham saído todos. É como digo, aqui funciona mesmo como passagem para outros lugares, e.g., Ushuaia.  Que continue assim;
  7. a maioria dos brasileiros com que cruzei é do RJ;
  8. tenho visto vários programas via cabo à noite, antes de dormir.  Claro que a maioria é de BUE ou outras cidade maiores.  Como eles gostam de política! Num zapear, noutro dia, vi pelo menos uns 10 programas debatendo política no mesmo horário (horário nobre). CGT x partido x, partido y  x alguém do governo, enfim, no mínimo interessante a seriedade ou interesse com que levam a questão. Tem um programa da Universal - o sotaque do pregador é divertidíssimo, tem um programa dublado daqueles 3 pastores que são irmãos (acho que eles têm programa diário na Bandeirantes), mais outro que não reconheci, também em portunhol, uma novela global (não reconheci), umas duas novelas argentinas, e alguns programas de variedade.  Tem até um canal basicamente de noticiários bem razoável, no qual baixa um Datena de vez em quando. Enfim, uma tv não muito diferente da nossa, a não ser pelos debates políticos.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Trekking no gelo...que ideia!!

Bem, primeiramente, minha maquineta me deixou na mão de novo. Na verdade, eu é que mexi onde não devia e aí não deu para fotografar direito. Acho até que ela já estava desregulada e eu nem percebi.. Fotógrafa boa é isso...Enfim...algumas fotinhos do dia, neste link: http://picasaweb.google.com/miriamkeller/Trekking30122010?feat=directlink.  Ah, os vídeos pelo menos estão razoáveis, eu diria até interessantes.

E para que vocês não fiquem aí dizendo: mas quequiéisso?  Já vou explicar tudinho.

Além do passeio de barco (post de ontem) e pelo Parque dos Glaciares, resolvi também fazer o trekking no gelo...Sei lá, muito sol no coco, muito calor, muito vinho, a gente delira...A verdade é que um amigo fez e recomendou, a irmã de outro amigo também, então imbuida de espírito aventureiro (de onde mesmo tirei isso?) lá fui eu.  O passeio é caro e não inclui a entrada no Parque, então considere P$ 600, mas vamos lá.

O Glaciar Perito Moreno (http://en.wikipedia.org/wiki/Perito_Moreno_Glacier) é famoso (mais que outros) pelas seguintes características: (a) é de fácil acesso; (b) não está diminuindo como a maioria dos glaciares pelo mundo; (c) fica em zona de temperaturas amenas, e (d) tem os famosos desmoronamentos, sobretudo o mais famoso que fica na ligação entre a face sul e norte.  Vejam neste vídeo um exemplo de desmoronamento recente (não do grandão): http://www.youtube.com/watch?v=qMJfTaBSXWo.  O maior, o do arco, aconteceu pela última vez em julho de 2008 ((http://www.youtube.com/watch?v=NYOGxTEfP14) e pelo formato do arco hoje (dá para ver nas minhas fotos) está para acontecer de novo, pois com o calor que está fazendo e a pressão do rio que quer passar, não deve demorar muito.  Aliás, tanto hoje quanto ontem, vi vários pequenos desmoronamentos (obviamente pequenos se comparados a essas massas que caem no vídeo), o ruído é de um trovão forte como mencionei.  Este glaciar não está mirrando porque ainda recebe muita neve compactada (ele não é formado de água que vira gelo, mas de neve compactada que cai pelos picos). A área do glaciar é gigante.  Um dos lados chega,em linha reta, a 9 kms.

Francamente, se eu vivesse por aqui,iria querer olhar para ele todo dia se possível.  É uma beleza portentosa, majestosa, um fenômeno natural mesmerizante.  Quando bate o sol na sua calota superior é um espetáculo.  Quando o sol se esconde, e o céu azul reflete no glaciar é de babar.

Contratei o passeio para hoje, saída prevista 8h30 do hotel. Eles são muito organizados por aqui:  mandam vans pegar os passageiros em vários hoteis e depois juntam todo mundo num ônibus na saída da cidade. E olha que a cidade não é grande, mas isso economiza tempo, dá trabalho para várias pessoas, e não faz com que os turistas fiquem rodando por vários hoteis, ou seja, é bom para todo mundo.  O ônibus era bem confortável, lotou.  Levamos  mais de 1h40 para chegar (ontem, de carro foi bem menos),mas a viagem foi tranquila.  Chegando no porto, pegamos um barco (isso fica uns kms antes de onde sai o barco que vai pelo lado norte do glaciar - o que fiz ontem), descemos numa praiinha do Lago Argentino, e toca subir por um terreno escorregadio, pedregoso, um tantinho íngreme.  Nada perigoso, mas  trabalhoso. Há guias em espanhol e inglês. Tudo ali é dominado pela Hielo y Aventuras, uma companhia de turismo daqui. Ou seja, para ter acesso é via barco deles, guias deles. Imagino que alguém que queira fazer a caminhada no gelo por si possa, mas tem de se entender com eles. Aliás, sobre o assunto, acabo de aprender um ditado novo com o pessoal daqui: Pueblo pequeño, infierno grande. Isso porque dizem que tem montes de coisas que não deveriam ser como são, e.g., o monopólio da HA para o minitrekking, big trekking.  Acho que não mencionei ontem, mas os locais, os da terra têm desconto especial em algumas lojas, não pagam para entrar no parque (o motorista que me atendeu tem de pagar P$7 e não acha correto - concordo - pois está levando gente para lá e está trabalhando), mas com o monopólio da HA o pessoal daqui não consegue fazer o passeio. É muito dinheiro para eles.

Nosso guia explicou um pouco do glaciar, de Perito Moreno (pessoa), e ajudou a gente a calçar a ferradura...na verdade chamam de grampões (há várias pessoas da HA para ajudar nisso).  Não sou do ramo, mas me pareceu um negócio meio primitivo. Dei uma pesquisada na net e há esse tipo de coisa (grampões) em aço, que deve pesar bem menos.  Além disso, para cúmulo de meu despreparo, não tenho tênis de amarrar (aliás até tenho, mas nunca usei, pois não gosto),o que gerou um problema para adaptar o tal grilhão, ferrão, ou o que seja.  O fato é que andei uns 15 minutos pelo gelo, subi, desci, e desencanei. Ia acabar ficando sem grampões, tênis, com o pé no gelo, e ainda ganhar uma hipotermia. Vi uma parte bem bonita do glaciar, imagino que tenha perdido a sensação de estar pendurada numa geleira, ver a vista, mas não deu. Tenho mais 7 dias de viagem, vou andar para caramba em BUE, vou andar aqui ainda, aquilo era pesado, meu esforço, justamente para não perder o tênis e o treco pelo caminho, era/seria muito grande, perigando acabar com as panturrilhas, tornozelos, joelhos.  Nananinanão...já vi, já entendi, e não é a minha.  O grupo foi praticamente todo.  O percurso arriba y abajo seria de uma hora e meia, mas levou menos pelo que percebi.  De todo jeito, todos gostaram bastante da experiência. Aliás, não tenho a menor dúvida de que, para quem gosta um pouco desse tipo de coisa, está mais bem preparado, é algo imperdível.

No meu caso, tomei água dos glaciares, caminhei pela mata na volta, pela praia, pelas pedreiras, e depois fui comer um lanchinho (tem de levar tudo, lá não tem nada), e sentar e apreciar aquela belezura toda.  Olhar já vale a viagem.

Saímos do lado sul por volta de 14h30: barco, ônibus, passarelas do parque.  Sim, as mesmas a que fui ontem, mas esse é um lugar a que eu voltaria 1000 vezes.  Sobe, desce, para, olha, anda, senta, levanta, sobe, desce...nada, nada, outro quilômetro e meio hoje. E o pessoal que andou pelo gelo ficou mais sentadinho, afinal fizeram um esforço danado, tinha muita gente acima dos 50 e até 60, então vamos com calma, né?

O fato é que, pelo menos para mim, o lado norte é o mais bonito.  O parque é bom demais de caminhar. As vistas são inebriantes, a gente não tem vontade de ir embora.  Então valeu muito ter voltado.

Aí, pé na estrada, e mais 1h40 de viagem até El Calafate.  Na volta o ônibus estava muito quente. Hoje o dia comeceu um tanto nublado (levemente), mas depois abriu e esquentou.  Realmente, eles estão muito mais preparados para o frio do que para o calor.  Um japa legítimo, que estava a meu lado, quase teve uma síncope por causa do calor, do ar pouco efetivo dentro do ônibus.  Quase tivemos um araquiri...Na chegada, de novo as vans nos esperavam, dividiram o grupo do ônibus e direto para os hoteis.  Isso desgastou menos a gente que já estava na "labuta"  desde cedo.

Bem, amanhã vou até o Lago Argentino aqui mesmo em El Calafate. Ainda não fiz isso, e quero ver a Baía Rotonda de pertinho.  Será um dia light.  Sábado também deve ser tranquilinho e domingo tenho meu 4x4 pelas montanhas.

Estou gostando imensamente de estar aqui, de estar fazendo o que estou fazendo, de flanar pela cidade, conversar com as pessoas, ver coisas lindas, lindas o tempo todo.  Tomara que dê para voltar um dia.

Rapidinhas:

  1. muitos restaurantes, lojas, dão a conta em pesos, euros, dólares
  2. fora lanchonete, sorveteria, todo lugar usa guardanapo de pano, engomadinho...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Rapidinhas

  • O calafate só está pronto para consumo em fevereiro. Não tem em outra época do ano. Portanto tudo que comemos (sorvete, geleia, etc.) ou bebemos (suco, chá) é feito com a fruta conservada (congelada, desidratada, etc.);
  • o motivo para não ter tantas bicicletas quanto eu esperaria ver por aqui, pelo terreno, como mencionei em post de ontem, é o vento.  Muito forte quase todos os dias, o que não facilita a vida dos ciclistas;
  • o hotel aqui é muito bom, mas vê-se que foi construído há um tempo, pois não tem isolamento acústico apropriado.  É pior do que meu ap. quando a vizinha de cima começa a andar de salto feito louca.  Sorte que durmo feito pedra, mas se se acorda no meio da noite ouvem-se zilhões de barulhos (no quarto de cima, no corredor...). Acho que basta respirar...A mim não incomoda, mas se a pessoa tiver sono leve tá frita;
  • Folclore: no café da manhã um casal inglês (very posh) e seus filhos (8 e 6 anos aprox.) conversavam sobre o glaciar.  A mãe para explicar ao filho por que o barco se mantinha um pouco distante do glaciar comparou-o ao Titanic.  Tipo, se cair muito gelo, formam-se ondas enormes, e o barco pode afundar, como o TITANIC...pode? Eu não subia nesse barco nem amarrada.

É bonito, é bonito, e é bonito...

Como cantaria Gonzaguinha. O Glaciar Perito Moreno é lindíssimo, majestoso, emocionante.  Beleza pura!

Hoje foi dia de fazer a navegação pelo Glaciar Perito Moreno (http://en.wikipedia.org/wiki/Perito_Moreno_Glacier) e passear pelo Parque Nacional dos Glaciares (http://www.losglaciares.com/es/index.html).  Saí às 9h30 com o Mario, motorista que conheci no domingo, na chegada. De El Calafate até o GPM são 80 km, o que dá aproximadamente uma hora e vinte se tanto.  A estrada é excelente!  Segundo soube, a expansão da cidade deu-se a partir de 2000, quando o aeroporto foi inaugurado.  Depois veio a estrada da cidade à entrada da reserva, e somente em final de 2009  é que terminaram os 30 kms entre a entrada da reserva e o parque propriamente.  Dá para desenvolver boa velocidade e como hoje é dia de semana (nossaaaa, primeira vez que passo um final e começo de ano longe de casa, e sabe que nem parece...) estava tudo tranquilo: estrada, acesso ao parque, passeio pelo glaciar.  O Mario me contou que brasileiros começaram a aparecer mais por aqui há uns 2 anos. O que percebo é que a grande maioria dos visitantes é composta basicamente de argentinos e europeus, pouquíssimos americanos, canadenses, e um tantinho de brasileiros. Pelo movimento do hotel também me parece que a cidade é meio passagem, talvez para Ushuaia (http://www.ushuaia.com.br/)..  O pessoal vem, fica uns dois dias e vai embora.

A paisagem pela estrada é maravilhosa.  Além da exuberância natural, onde foi construída a estrada souberam respeitar a flora local que é variada e muito bonita.

Também soube que estou dando sorte, pois desde domingo os dias têm sido ensolarados, quentes (mencionei no post de ontem que o pessoal daqui está reclamando um pouco desse calorão, não estão acostumados), sem chuva.  Parece que o tempo por aqui é, em geral, bem irregular, podendo cair temperatura e chuva a qualquer momento, i.e., um dia bom, outro nem tanto, e por aí vai.  Tomara que fique assim até domingo, pois amanhã tenho caminhada no gelo (acho que isso não vai dar certo...), e domingo tenho aventura 4x4 em picos bem altos. Vamos ver.

Tirei montes de fotos e fiz vário vídeos. A beleza do glaciar e do parque é impressionante.  Tentei gravar tudo na retina, na memória, na alma, mas as fotos vão me ajudar lá na frente a recuperar essas maravilhas.

Bem, chegando ao Parque dos Glaciares tem-se de pagar P$ 75,00. Não aceitam dólares ou cartões.  Com isso se tem acesso ao parque todo, muito bem montado, bem cuidado, uma reserva ecológica de primeira.  Vocês verão pelas fotos como a coisa é bem estruturada.  Não há lixeira em lugar nenhum. Tudo deve ser colocado em saquinhos que dão à entrada do parque e levado para fora (El Calafate).  Claro que há os Sugismundos de plantão, mas fazem um controle bom e limpam o que o pessoal deixa por lá (muito pouco aparentemente).  O parque ainda está em fase de acabamento. Estão construindo algumas instalações (mais banheiros, dormitórios para quem trabalha lá e tem de se deslocar todo dia de/para El Calafate, o que não é fácil).  Mas a infra existente já é bastante boa.

Andei por tudo (o motorista me deixou bem à vontade, e disse que eu poderia ficar quanto tempo quisesse, então...). Subi, desci, subi de novo, caminhei reto, voltei...Foi uma hora e meia de caminhada antes de pegar o barco para ir até as geleiras.   Dá para ficar o dia todo lá, pois é bom de andar, de parar, de apreciar.  O que andei deve dar um km e meio mais ou menos, o que parece pouco,mas tem bastante escadaria.  Há um elevador bacana (ver fotos), mas não está funcionando ainda.  O boom de El Calafate é recente.  A cidade pulou de 7 mil habitantes em 2000 para 18 mil em 2009.  Muita gente de fora, como mencionei em outro post, veio/vem trabalhar aqui e a meninada daqui vai embora depois de completar o segundo grau (não há Universidade, nem aqui nem próximo. O maior centro fica a 320 km), se não quer trabalhar em serviços ou abrir seu negócio.

Outra coisa, como mencionei nos vídeos tem, sim, de usar protetor solar forte.  Eu já estou rosinha, mesmo com meu protetor 50.  O sol é forte, não há poluição, nuvens, então o negócio é direto na pele.  Além disso, o vento engana. Aliás tinha montes de turistas encapotados lá no glaciar...afe!  Com aquele solão!! Só senti um pouco de frio quando o barco se aproximou do glaciar, pois aí eles põem um pouco de velocidade, mas só isso. Levei e trouxe meu casaco dobradinho.

Ah, sim, pagam-se outros P$ 50 pelo passeio de barco, que sai de hora em hora (|9h30, 10h30, 11h30...). O passeio dura uns 50 minutos.

A imponência do Glaciar é incrível. A força, a massa de tudo aquilo.  Vejam nos vídeos o tamanho dos pedaços de gelo que se soltam dos paredões.  Vi uns três despregamentos.  O ruído é de um trovão e a coisa é rápida, pois quando a gente vê é só aquela massa de gelo caindo. O barco que faz o passeio é bem grande e confortável, e parece seguro.  Dão informações em espanhol e inglês.  Ao final do passeio, lá fui eu tomar meu whisky com gelo milenar...e olha que ele é de uma transparência fantástica.

Parece que sexta, sábado e domingo o parque lota, pois além dos turistas os da terra também vão lá para passear.  Se eu morasse aqui não iria menos que uma vez por mês lá, mesmo considerando a distância.  Uma benção aquele lugar. Eu gostaria muito de voltar.

Há outro glaciar, o Upsala (http://pt.wikipedia.org/wiki/Glaciar_Upsala), que é muito maior que o GPM, mas, segundo dizem, não tem a mesma beleza.  Dentro do parque há apenas um hotel, logo na entrada. Ninguém mais tem licença para operar ali, como hotel.  Mas lá no meio, bem perto do Upsala, tem a Estancia La Cristina.  Ali tem de cavalgada, a trekking, e...hospedagem. É, por exemplo, onde está o príncipe da Bélgica e sua família.  Se chega de barco, por um roteiro meio que exclusivo.

Bem, pelo que pude ver por aqui, acho que minhas amigas também vão ter muito que contar da beleza de El Chatén. Vamos aguardar.

Espero que tenham paciência para ver as fotos, pois valem a pena, não pela qualidade da fotógrafa, claro, mas pelo objeto fotografado.

Link das fotos/vídeos: http://picasaweb.google.com/miriamkeller/GlaciarPMoreno29122010?feat=directlink

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Agora sim!

Hoje fui conhecer mais um pouco de El Calafate.  Oooh, cidade boa de andar! E consegui fazer umas fotinhos melhores.

Comecei pela Intendencia do Parque Nacional de los Glaciares.  Um lugar muito bonito, bem cuidado, que fica a uma quadra do hotel em que estou.  Vejam fotos/vídeos no link abaixo (1).

Um lugar lindo mesmo.  Dá para andar, sentar, pensar na vida.  Tudo de bom: luz, sombra, verde, passarinhos cantando e andando perto da gente. Pena que feche às 16h, pois os dias estão claros até umas 21h.  Mas tem uns banquinhos do lado de fora que quebram o galho. Ali é um verdadeiro altar a Francisco Moreno.  É uma personagem importantíssima para a Argentina por suas pesquisas, pelo reconhecimento que fez do país, por seus contatos com outros estudiosos, como Darwin.  Enfim, um homem que amou sua terra, seu país, e muito fez por ele. Até o conflito territorial com o Chile ele acabou resolvendo de certa maneira.

Depois fui conhecer a Reserva Natural Laguna Nimez (http://www.welcomeargentina.com/elcalafate/laguna-nimez-reserve.html), também, a uns 15 minutos do hotel caminhando.  Um lugar bem interessante. Como é uma laguna, a vegetação e o solo em volta são muito diferentes: arenoso, com plantas muito coloridas e variadas, lembrando algo meio desertificado, seco, o que não é o caso.  A gama de pássaros é grande.  Dezenas de flamingos nessa laguna e no Lago Argentino (contíguo - dá para ver nas fotos) (1+2), dezenas de patinhos, montes de aves de pequeno e médio porte. São 2,5km para circundar a laguna. Pagam-se P$ 10 para entrar. Dão um mapa e algumas explicações/instruções.  Apesar do calor, deu para andar bem.  Só acho que deveriam ter mais alguns "pit stops" (bancos, troncos preparados para sentar), pois vão pessoas de idade e seria bom esse conforto (há só 2 ou 3 locais para se parar, sentar, apreciar a paisagem).  Em uma das fotos ressalto que façam atenção à distância entre onde estou  tirando a foto e a laguna. Pois é, estão construindo uma parede imensa de contenção (de pedra), pois em 2008, pelo derretimento do gelo, o local foi interditado pois a água encheu tudo, e é grande a área verde que veem nas fotos.  Para encher tudo aquilo, é água, hein!  Segundo o pessoal da Reserva, isso aconteceu em fevereiro, mês em que o degelo faz o volume de água aumentar.  A gente faz a visita seguindo uma trilha simples (demarccação por pequenos pilares de madeira).  Tudo muito seguro. Acho que vi umas 20 pessoas, se tanto, fazendo o passeio. Há muitos cavalos pastando também. De um certo ponto da laguna dá para se ver e ir até o Lago Argentino, o maior por aqui.  A água é gostosa, quase morna, eu diria.  Só deu para molhar as mãos e o rosto, mas vi que é limpinha, transparente.  É uma imensidão de água.

Depois voltei para o centro e fui caminhar novamente pela cidade. Incrível como ela diminui de ontem para hoje. Explico: como já me localizei um pouco, caminhei pela avenida principal várias vezes, já reconheço alguns negócios, parece que a coisa encolheu, mas não é bem isso, claro.

Ah, sim, hoje pela manhã fui fazer algumas compras no supermercado (pelo que vi há apenas dois ou três na cidade), pois precisei comprar comida para levar na 5a. para as geleiras. Lá não tem nada para vender, nem água, e temos de comer algo, pois são muitas horas de passeio.  O supermercado, como a grande maioria dos negócios, abre de 9 às 12h30 e depois das 16h até 19h ou 20h. Este a que fui é bem acanhado.Tem o básico.  Surpreeesaaa! Não têm sacolas para carregar as compras, nem para vender. Ou se leva sua própria sacola ou se compra por P$ 0,50 um saquinho pequeno de papel pardo, pouco resistente. Mas deu para o gasto. E lá fui eu equilibrando um monte garrafas d´água, e otras cositas, mas tudo bem.

Depois da super caminhada pela laguna, almocei em uma casa de massas. Comida razoável, lugar bonitinho, bom atendimento.  Quase em todas as refeições tenho tomado uma taça de vinho...sei não... Em vez de comer a sobremesa lá fui tomar sorvete e tomar café na Ovejitas de Patagonia, fábrica de cholocate que serve café, chá e tem sorvetes ótimos.  Caminhei mais um pouco, sentei num banquinho, li minha revista, depois para o hotel.  Agora é descansar um pouco, jantar, dar outra caminhada, que amanhã saio cedo para o passeio de barco pelos glaciares.

(1)
http://picasaweb.google.com/miriamkeller/ElCalafate28122010?feat=directlink

(2)
http://picasaweb.google.com/miriamkeller/LagunaNimez28122010?feat=directlink

Aleatórias

  • Aqui na Argentina as tomadas são diferentes de quaisquer outras que eu tenha visto. Parece que é assim há algum tempo. Sorte que minhas amigas trouxeram adaptador e puderam deixar comigo enquanto estão em El Chatén.  Não é só no Brasil que tem gente dificultando a vida alheia;
  • li na página de El Calafate que en El Chatén não pega celular, mas os fixos funcionam bem. Aqui en El Calafate parece que o cell funiona bem;
  • por falar em celular, acho que não ouvi nenhum tocando, e olha que argentino adora um celular (eles tinham isso muito antes de nós, de forma bem desenvolvida e barata). Ainda bem!
  • não vi uma moto até agora, nem mesmo bicicletas, o que é estranho pois o terreno é propício à locomoção em bicicleta: reto, bom calçamento e onde não é calçado é aquele tipo de terreno duro, pedregoso. Interessante! A maioria dos carros não é de luxo. Há, sim, muitas camionetes, vans, esse tipo de carro;
  • a água da torneira é fria, fria, em compensação, peguei a água do Lago Argentino e ela me pareceu morninha;
  • há muitas rosas. Parece ser a flor preferida do pessoal daqui. Quase todas as casas têm seu roseiralzinho.  Essas flores devem se dar muito bem com o clima local;
  • a grande maioria das pessoas por aqui tem os traços característicos de descendentes de indígenas: maçãs protuberantes, olhos amendoados, cabelos escuros e lisos em geral, pela mais escura.  Mas são bem bonitos. Aliás, na visita ao museu ontem, li que se descobriu que 52% da população da ARG tem o dna do índio.  É preciso dizer que as pessoas daqui são bem diferentes dos portenhos (em termos de pele, olhos, formato do rosto),e, aparentemente, muitos são de outras cidades, trazidos para cá pela oferta de emprego;
  • toda tarde, por volta de 18h, passa um carrinho com duas moças perguntando se sequer trocar as toalhas (de novo), se precisamos de algo, oferecem até um chocolatinho. Isso de porta em porta;
  • hoje fui ao supermercado comprar umas coisinhas, pois para a caminhada no gelo, em P. Moreno, é preciso levar lanche, o que beber, etc., pois me informaram que não há nada lá  o passeio vai das 8h30 às 15/16h).  Não têm sacolas para acomodar as compras nos supermercados, nem para vender (tipo ecológica mesmo).  Cada um que traga a sua. Têm no máximo uns saquinhos de papel bem fraquinhos pelos quais cobram $0,50.  Tive de ir equilibrando as compras até o hotel, mas não foi big deal.  No mínimo interessante.  Realmente não vi ninguém com sacolinhas de plástico nas mãos, ou qualquer uma jogada por aí.  Parabéns à cidade e seus moradores!  Isso é engajamento ecológico de fato.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Lindo, lindo, lindo...

No link abaixo estão algumas fotos/filminhos que fiz hoje.  Minha maquineta me deixou na mão, pois muita coisa que fotografei ficou bem ruim, então descartei. Como amanhã vou andar pela cidade de novo (visitar uma reserva e ver o lago Argentino - o maior daqui), vou levar outra máquina e ver se a coisa fica melhor.

A cidade é muito interessante de fato!  Uma Campos do Jordão melhoradíssima: mais bonita, mais limpa, mais bem cuidada, com bem menos gente, bares, restaurantes, lojas e hoteis de monte e muito estilosos, além de boa estrutura de transporte público.  E tudo a bom preço!  Hoje almocei na cidade: milanesa com batatas fritas (fazia tempo que não comia um bife à milanesa, e aqui na Argentina é prato default praticamente), sorvete de chocolate (vai ter sorvete bom ali adiante), café, i.e, tudo (incluindo gorjeta, refri, couvert) = $ 40 (ah, e serviço expedito e excelente).  De novo, só duas moças para atender o restaurante inteiro. Estão vendo, não é cisma, é realidade.

Bem começando do começo: dormi muito bem, o vento uivou a noite inteirinha, fortíssimo, de dar medo.  O dia amanheceu claro, mas não muito ensolarado.  O café da manhã do hotel é excelente também.  Saí por volta de 10h30 para andar pela cidade. Primeiramente acertei meu passeio de barco pelos glaciares para 4a. cedo e o de trekking no gelo para sexta (2 horas na geleira...afeeee!!), agora só falta um bem hardcore que vou ver amanhã.

A cidade é ótima de caminhar: reta, calçadas totalmente em ordem, muita árvore, muito verde, tudo muito cuidado. Deu para andar por quase tudo, afinal ela não é tão grande e eu sou boa andarilha.  Visitei o Centro de Interpretação Histórica de Calafate em que documentam e expõem a reconstituição de animais de dezenas de milhares de anos atrás, de utensílios, armas, instrumentos utilizados pelos habitantes originais da região. São 100 milhões de anos da Patagônia (argentina e chilena). O museu é muito bem montado, muito didático, muito interessante.  Na parte externa há um nicho com alguns elementos que datam do início da ocupação da região pelos índios e depois colonizadores, além de fotos e histórico do povo local.  Vale a visita com certeza.  Na frente, um café muito simpático que também pertence ao museu.  Dá para voltar com prazer.

Aí fui andar até quase chegar ao lago Argentino (vou amanhã). É uma cidade boa demais de caminhar, um verdadeiro prazer. Ar puro, muuuitoooo vento (mas não chega a incomodar), gente bonita, locais muito bem cuidados (casas, negócios, etc.).  Mas já se vê aqui e ali a mão do homem: um tambor lançado no meio do mato, plástico em um canto ou outro, enfim: uma pena! Tomara que consigam brecar esse processo agora, pois ainda é bem pequena a quantidade de detritos.

Algumas observações:

  • hoje o sol abriu e está um calorão (24C, 25C). O pessoal daqui diz que está derretendo e sofrendo com essas temperaturas;
  • calafate é o nome de uma frutinha além de um pássaro. No caso da cidade, o nome vem da fruta abundante na região.  Vale uma correção: no post de ontem disse que comi sorvete com calda de mirtilo. Não era, era o calafate. Muito parecido, mas não igual segundo pesquisei (do not ask me why). De todo jeito tem alfajor com recheio de calafate (uma delícia!), geleia de calafate (no café da manhã tinha e é uma delícia mesmo), muitos doces (torta, bobo, etc.) recheados com a fruta;
  • aqui fazem a siesta. Fecham quase tudo às 12h30 ou 13h e só voltam às 16h30 ou 17h;
  • há várias fábricas de chocolate (comprei hoje alguns e são gostosos), lojas para alugar material para camping (há vários na cidade), material para trekking.  O comércio é bem variado e interessante;
  • há poucos brasileiros por aqui. Acho que a maioria para em Bariloche.
Pena mesmo que minhas fotos de hoje não ficaram boas, mas amanhã tiro de novo e aí vocês verão que cidade gracinha.  Estão para abrir um museu do gelo. Pena que só abrirá em janeiro, mas não sabem em que data. Se for até dia 3 vou lá, mas parece que não vai ser. Pena.


http://picasaweb.google.com/miriamkeller/Elcalafate27122010?feat=directlink

domingo, 26 de dezembro de 2010

Extra, extra, extra!


  • Antes de mais nada, esclarecendo: o pessoal de bordo da Aerolineas é muito bom, muito melhor do que o da Tam, igual ao da Azul.  O problema é o parco investimento na alimentação e nos equipamentos, este um aspecto importantíssimo.  Em terra, no Aeroparque, também são bastante bons, mas poucos;
  • acabo de jantar aqui no hotel. Preferi para poder descansar. Acima as fotos:
  1. o salão do restaurante - tem umas 20 mesas, e APENAS uma garçonete para servir. Cheguei às 19h30 e fui recebida como se fosse a única cliente sobre a terra: sorriso, braços abertos.  Depois chegaram duas senhoras (italianas, sendo que uma fala um espanhol perfeito e a outra português). A que fala português pediu uma tisane (como aquelas do H. Poirot).  A garçonete não teve dúvida: temos, sim. As duas ficaram um tanto desconfiadas, incrédulas.  Dali a uns minutos, a tisane.  E chega um jovem casal de japoneses. Não falam inglês, arranham o espanhol.  A menina não teve a menor dificuldade (aliás ela fala inglês muito bem).  Ela pega o pedido, traz os pratos, faz a conta e recebe. Ah, e recomenda pratos, explica tudo o que a gente quiser saber.  No Brasil, tenho certeza de que teríamos pelo menos uns 5 zumbis perambulando pelo salão, a gente receberia pedidos errados, teria que gesticular até não mais poder para atrair a atenção das criaturas que estariam mais interessadas em bater papo ou olhar o celular.  E não é injustiça, é isso que vejo todas as vezes que vou à maioria dos restaurantes, lanchonetes pela terra brasilis, infelizmente, para minha dor, tristeza, vergonha.  E não estou exagerando, sabem bem aqueles que leem meu outro blog (Escrever para viver). Ah, e a tal menina do restaurante daqui não me parece ganhar jum salarião. Deve ser coisa bem modesta;
  2. a comida estava excelente: acima a parrilla que é para uma pessoa mas dá para duas = maravilhosa!; os sorvetes que arremataram minha refeição nababesca = supimpa! Agora vem o golpe mortal: sabem quanto paguei por um serviço de primeira, local agradabilíssimo, taça de Malbec (ótimo! e eu não gosto de Malbec), parrilla, couvert com pães feitos na casa, quentes, deliciosos + patê, sobremesa (sorvete de chocolate  e morango com calda de miriilo em casquinha de sorvete),café, gorjeta?  E olha que eu comi tudo de gulosa mesmo (amanhã  salada que é bem mais barata)...quanto, quanto, quanto? R$ 70. É de graça? Não!  Mas é baratíssimo se comparado ao que pagaria em SP. No mínimo 30 a 40% mais. É mole?  E estou na alta temporada em um local totalmente turístico. Pois é, nossa matemática não fecha mesmo.
  • E para terminar:  como argentino gosta de usar um cabelo comprido!  E olha que ficam bastante bem. Nosso taxisita (hotel/Aeroparque - hoje), já entrado em anos (uns 50), tinha lá seu cabelão pela metade das costas, grisalho, mas muito volume.  Estava de gravata, elegantíssimo, atencioso, tranquilo, e com seu cabelão (bem cudiado, diga-se de passagem).   Um charme! Aliás, estive reparando na meninada.  Não só têm cortes modernos, mas muito estilosos.  Muito interessante!  A coisa vem de pequeno.  Ou barbeiro argentino é benchmark e a gente não está sabendo.
  • Ah, nas fotos aí de cima, dois momentos da vista que tinha do restaurante enquanto jantava: não parece grande coisa, mas ver essas árvores enormes balançadas pelo vento (e como venta por aqui!), num ambiente silencioso, é muito tranquilizante, relaxante.  A foto superior foi tirada às 19h30 e a outra às 21h - agora são quase 22h e o dia está assim, claro, claro. Fantástico!
Bom, acho que por hoje acabou mesmo.  

Filas, filas, filas, filas


Então, já estou começando a gostar duma filinha...Brinca...

Do começo: no final não usei minha linda mala vermelha nova.  Fui com nossa velha conhecida, a prata, e minha frasqueira, velhíssima de guerra (deve ter uns 20 anos), e uma sacola de mão.  Na medida...

Sábado, dia de embarcar. Táxi devidamente agendado.  Fui mais cedo para Cumbica por temer a bagunça em que se tornou o serviço aéreo no Brasil e porque queria aproveitar e tirar minha carteira internacional de vacinação, como mencionei em post anterior (http://mskeller.blog.terra.com.br/2010/12/21/sol-e-chuva-casamento-de-viuva/). Se a gente está no Terminal 1 tem de atravessar o aeroporto, praticamente, e tomar um elevador para o térreo. Lá está a salinha da Anvisa. Como meu check-in ainda não havia começado, desci com a bagagem. Surpreeesaaa! Não deixam a gente entrar com o carrinho de bagagem na sala...aaaah, tááá.  A recepcionista até que foi legalzinha, deixou que eu colocasse as malas para dentro, mas o carrinho, não! Ordens da Infraero.

Fui atendida prontamente por uma técnica muita simpática que me disse dos cuidados que deveria tomar durante a viagem (só água mineeral, gelo, não=procedência duvidosa, etc.). Aí ela pergunta: você não tomou a antitetânica? Eu disse que havia tomado 10 anos antes junto com a vacina contra febre amarela, mas como são 3 doses preferi não tomar agora, quando do reforço da de febre amarela. Ela disse: mas se você já tomou uma vez as 3 doses só precisaria de uma agora. Basta o comprovante da vacinação anterior. Ou seja, a pessoa que me atendeu no Pasteur viu que a antitetânica estava vencida, eu poderia ter tomado o reforço ali, mas o inepto não me disse isso. Eu realmente nem perguntei, pois para mim seriam 3 doses e, sendo assim, preferiria tomar em outra ocasião.  Ou seja, agora vou ter de achar uma cópia (destruí o original, pois nem imaginei que haveria necessidade para o caso da antitetânica) de meu atestado antigo em que constam as 3 doses da antitetânica, para poder tomar uma dose só de reforço.  Francamente!!! A pessoinha não poderia ter me alertado, perguntado? Afinal, faz isso todo dia e deve saber que o público não tem esse tipo de informação facilmente. Enfim...

Depois da vacina, a caminho do 1o. andar novamente. A Aerolineas só abre o check-in 3 horas antes do voo, então esperei um pouco até que aparecesse o aviso do check-in no painel. Lá fui eu para a fila.  Uma bagunça! Filas que se cruzam, estão de um lado e vem o pessoal da Infraero e muda a direção da fila, uma coisa!  Já havia feito o check-in na web (não dá para viver sem essas maravilhas que a tecnologia nos dá), então fui a um posto de informação (no balcão da Aerolineas não havia ninguém) e perguntei se havia normalmente um balcão especial para quem já tivesse feito o check-in atecipado (perguntei porque não havia nenhuma sinalização na área da Aerolineas e é isso que acontece com a KLM, por exemplo, e em aeroportos fora daqui). Resposta: não sei, isso é com eles. Eles quem? Resposta: a companhia aérea.  Aaaaah, tááááá....

Então, fui para a fila. Sorte minha!  Fui a 4a. da fila (na minha frente dois grupos colossais de uma mesma família e um casal). As amigas que viajaram comigo chegaram uns 30 minutos depois, exatamente quando apareceu o pessoal do balcão da Aerolineas. Perguntaram e foram informadas que check-in antecipado pegava a fila da executiva.  Como eu estava no começo da fila comum/econômica fiquei por lá mesmo.  Demorou um pouco porque a tal família era grande, viu!  E aí abre-se uma mala, para procurar não sei o quê, e demora, demora, e aquela falação, algazarra, deixando o pessoal da companhia aérea tontinho. Não bastasse isso, um voo lotado, fila enorme, e só duas posições funcionando e apenas um funcionário (unzinho) identificando e colocando bagagens na esteira.  De qualquer maneira, acho que a coisa até fluiu bem.  Eu fiz meu check-in em menos de 5 minutos. Minhas amigas amargaram uma espera colossal na tal fila especial, pois um casal que estava duas posições à frente delas aparentemente tinha algum problema colossal que o pessoal do balcão não conseguia resolver. Ficaram bem uns 20 a 30 minutos no balcão.

Aí fiz minha liberação pela Polícia Federal, passei no free-shop, e me acomodei para esperar o voo que,claaarooo, atrasou.  O atraso foi de uns 40 minutos.  Embarcamos, tudo certinho, atrasado, mas no final chegamos bem a BUE.

Algumas observações:
  1. Cumbica não tem mais jeito. Tem de fechar e reformar tudo ou abrir outro aeroporto.  Não adianta ficar fazendo puxadinhos;
  2. tudo ali é lotado: lanchonetes, banheiros, área de espera, e tudo é caro: um lanchinho que tomei ficou em $18 = isotônico, uma empanadinha de frango, uma bananinha;
  3. acho que o comissário do voo para BUE fez treinamento com meu amigo PauloF.  O tom, o ritmo, o anasalado eram iguaizinhos! O inglês um horror(o do PF é muito bom)! Impossível entender o que ele dizia.  
O voo até BUE correu muito bem.  Agora, é uma pobreza o tal lanchinho da Aerolineas. Tanto no percurso SP/BUE quanto BUE/El Calafate (este de mais de 3 horas), foram servidos uns lanchinhos sem-vergonha, secos, sem gosto.  No voo até BUE nem café tinham para oferecer.  Uma coisa!  Os aviões são ou bem velhos ou mal mantidos (cadeiras que se inclinam porque estão soltas, e.g.).  De todo jeito, o pessoal de bordo tenta ser simpático e é até eficiente.

Felizmente o voo até BUE desce no Aeroparque, então a viagem de taxi até o hotel é de uns 20 minutos.  Mesmo sendo perto de meia noite a cidade estava fervendo.  Noite linda e gostosa! Não fotografei BUE à noite, infelizmente. Na volta, quem sabe...A cidade, à noite, é linda, iluminada de ponta a ponta.  A gente consegue perceber as grande avenidas, os bairros residenciais, os prédios, as áreas verdes. Linda, linda,linda. Aí, lembrei da minha amadíssima SP.  Não poderia ser assim? Por que estamos na idade das trevas em casa? Percebi a diferença comparando o levantar voo em SP (saindo da região de Guarulhos) e o descer em BUE. Como eu queria...

Tanto o táxi do aeroporto para o hotel ontem, quanto do hotel para o aeroporto, hoje, ofereciam preços fechados. Claro que mais caro que se fosse bandeirada tão simplesmente, mas os carros vieram prontamente, eram razoáveis, e os motoristas foram 10.  Para quem vivencia andar de táxi em SP atualmente, foi um refrigério, até porque o caro por aqui é baratíssimo na comparação.

Passamos a noite no hotel Amerian (http://www.amerian.com/index.php?page=vista_hotel_principal.php&id=1). Bem bom, atendimento ótimo,apartamentos excelentes, café da manhã bacana, check-out rapidinho. Preço aproximado US$ 200/ 2 pessoas, com taxas e café incluídos. 

Neste link há fotos sobre este começo de viagem: ttp://picasaweb.google.com/miriamkeller/BUEBARICAlafate?feat=directlink.

Ontem, quando chegamos no Aeroporque, deu para perceber que está tudo novinho. O aeroporto ficou fechado um tempo e reabriu recentemente. Apesar de ser muito menor que Ezeiza, o free-shop ali é quase igual ao nosso de Cumbica em cada terminal.  O serviço de imigração é ruim como em quase todos os lugares do mundo. Fila, espera, gente mal-humorada.  Hoje quando voltamos para lá, para embarcar para El Calafate, o bicho pegou. Filas, filas, filas...vejam o vídeo no link acima. Sorte que chegamos bem cedo, senão, não sei não. Também tínhamos o check-in antecipado, mesmo assim a fila dedicada ao embarque desses passageiros demorou uma barbaridade. No final deu tudo certo.

Saída praticamente no horário, e chegada em El Calafate (http://www.calafate.com/)  idem, com parada de 30 minutos em Bariloche.  

O aeroporto de El Calafate é micro e recebe muita, muita gente.  Segundo soube do pessoal dali são entre 10 e 15 voos diários.  A alta temporada vai de começo de novembro a final de fevereiro, depois a cidade morre.  Já deu para ver que o lugar é lindo (amanhã vou caminhar pela cidade e na terça vou me aventurar pelos glaciares: se eu não mandar notícia, só quando aquilo derreter daqui a uns milhares de anos...).

Minhas amigas partiram de ônibus para El Chatén (http://www.elchalten.com/): 3 vão fazer trekking pelas montanhas, trilhas, etc., e duas ficarão em El Chatén para explorar as redondezas.  Todas estavam devidamente mochiladas e imbuídas de espírito aventureiro.Eu já me acomodei no hotel (bem bacaninha, pequeno, bom atendimento - http://www.calafateparquehotel.com.ar/, todas as facilidades: wifi, tv a cabo, aquecimento no quarto, cama megahiperblaster - dá para dar uma festa nela, banheira, massagem, etc.). Já vi que o centro da cidade é pequeno (a cidade tem 18 mil habitantes), mas bem bonitinho.  Também vi para que lado fica o lago (aliás, os lagos) , por onde quero passear muito por estes dias.

Agora olha o que aconteceu: o motorista que me levou do aeroporto ao hotel (Mario) é descendente de iugoslavos da Dalmácia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Dalm%C3%A1cia), que é parte da Croácia, de onde eram meus avós e meu pai. A Dalmácia é a parte mais bonita e forte em turismo da região, e separatista também. Como meu espanhol é bastante bom e eu nãããooo gosto muito de falar, foram 25 minutos de muito exercício maxilar.  Já me deu o cartão, já vou fazer algumas coisas com ele, que, segundo disse, quer trocar mais ideias sobre a história do país de origem de parte de nossas famílias. Ah, ele até sabe falar um pouquinho de croata (aprendeu com os avós).  O mundo é pequeno e as coincidências estão em cada esquina, afinal nem sei por que o assunto surgiu...

Estava quase me esquecendo: no voo SP/BUE sentou uma menininha, ruivinha, de 8 anos, entre mim e uma amiga .  A menina é superarticulada, inteligente, tem um vocabulário impressionante, uma verbalização de orador.  Dois momentos hilários:  ofereci o alfajor que veio com o lanche terrível que serviram e que ela não pegou. Resposta: Obrigada, mas não como chocolate à noite.  Hein???!!! (é aquela coisa de que o chocolate deixa a criançada ativa. Mas isso vir espontaneamente de uma menina de 8 anos???).   Quando estávamos descendo em BUE, comentei que a cidade era linda, a vista maravilhosa, aí ela se saiu com descrição de Paris:  é lindo quando você desce em Paris!  Você vê as luzes, a torre Eiffel. Assim ao longe parece que a torre está flutuando.  Uma coisa linda!  Minha amiga perguntou: você gostou de Paris? Resposta: Não conheço.  Minha amiga: e como você sabe tudo isso? Ah, é que uma amiga foi para lá e me contou.  Vai ter imaginação e verbo assim lá adiante...Muita linda, esperta, inteligente...e como fala...

Bem, espero que minhas amigas façam uma boa viagem, boas caminhadas, boas explorações, e que fiquem bem.  Eu vou continuar com meu passeio-descanso por El Calafate.  Assim que tiver novidades, ponho aqui no blog.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Começando do começo!

Como é que eu vim parar aqui, de malas prontas para a Patagônia e Buenos Aires?

Acreditem, por puro acaso. Amigas trilheiras, mochileiras, e um monte de outros eiras, estavam combinando com outras amigas igualmente trekkeiras uma viagem para a Patagônia.  Já mencionei em meu outro blog (http://mskeller.blog.terra.com.br/) vááárias vezes que me aposentei neste ano.  Lá atrás, antes de parar de trabalhar de fato, pensei: por que não?  Há uns 10 anos fui pela última vez a Buenos Aires, nunca havia pensado de fato em visitar a Patagônia, sei lá se e quando poderia fazer uma viagem dessas com os vencimentos de aposentada, então me programei e aqui estou eu, quase lá.

Para começar, perguntei ao grupo se poderia me juntar a ele, não na parte de trekking propriamente, mas para o ir-e-vir, e fui aceita.  Eu, diferente das demais viajantes, vou ficar uns 5 dias em El Calafate, fazendo os passeios que há por lá, flanando, olhando a paisagem (deem uma olhadinha nestes links para verem que beleza vai ser! El Calafate,  Perito Moreno), depois vou para Buenos Aires e também fico uns 5 dias. No final, uma viagem ideal, mesmo que por acidente: viagem de avião não muito longa, lugares lindos, lugares de que gosto (Buenos Aires), dias suficientes para passear e descansar.  As perspectivas são ótimas!

Vou postando fotos e textos na medida do possível.  Ah, sim, o grupo intrépido terá de ter muito cuidado com o que levar, pois vão mochilar muitos dias (as bagagens ficarão sob minha guarda no hotel, em El Calafate), mas no meu caso não há tantos cuidados a tomar.  De todo jeito, apresento-lhes minhas companheiras de viagem. Uma já bem conhecida, outra nem tanto (vejam que a intenção é das melhores...).

A viagem começa em 25/12, então deixo aqui desejos de um bom Natal e ótimo ano a todos.


A gente se vê!