quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Trekking no gelo...que ideia!!

Bem, primeiramente, minha maquineta me deixou na mão de novo. Na verdade, eu é que mexi onde não devia e aí não deu para fotografar direito. Acho até que ela já estava desregulada e eu nem percebi.. Fotógrafa boa é isso...Enfim...algumas fotinhos do dia, neste link: http://picasaweb.google.com/miriamkeller/Trekking30122010?feat=directlink.  Ah, os vídeos pelo menos estão razoáveis, eu diria até interessantes.

E para que vocês não fiquem aí dizendo: mas quequiéisso?  Já vou explicar tudinho.

Além do passeio de barco (post de ontem) e pelo Parque dos Glaciares, resolvi também fazer o trekking no gelo...Sei lá, muito sol no coco, muito calor, muito vinho, a gente delira...A verdade é que um amigo fez e recomendou, a irmã de outro amigo também, então imbuida de espírito aventureiro (de onde mesmo tirei isso?) lá fui eu.  O passeio é caro e não inclui a entrada no Parque, então considere P$ 600, mas vamos lá.

O Glaciar Perito Moreno (http://en.wikipedia.org/wiki/Perito_Moreno_Glacier) é famoso (mais que outros) pelas seguintes características: (a) é de fácil acesso; (b) não está diminuindo como a maioria dos glaciares pelo mundo; (c) fica em zona de temperaturas amenas, e (d) tem os famosos desmoronamentos, sobretudo o mais famoso que fica na ligação entre a face sul e norte.  Vejam neste vídeo um exemplo de desmoronamento recente (não do grandão): http://www.youtube.com/watch?v=qMJfTaBSXWo.  O maior, o do arco, aconteceu pela última vez em julho de 2008 ((http://www.youtube.com/watch?v=NYOGxTEfP14) e pelo formato do arco hoje (dá para ver nas minhas fotos) está para acontecer de novo, pois com o calor que está fazendo e a pressão do rio que quer passar, não deve demorar muito.  Aliás, tanto hoje quanto ontem, vi vários pequenos desmoronamentos (obviamente pequenos se comparados a essas massas que caem no vídeo), o ruído é de um trovão forte como mencionei.  Este glaciar não está mirrando porque ainda recebe muita neve compactada (ele não é formado de água que vira gelo, mas de neve compactada que cai pelos picos). A área do glaciar é gigante.  Um dos lados chega,em linha reta, a 9 kms.

Francamente, se eu vivesse por aqui,iria querer olhar para ele todo dia se possível.  É uma beleza portentosa, majestosa, um fenômeno natural mesmerizante.  Quando bate o sol na sua calota superior é um espetáculo.  Quando o sol se esconde, e o céu azul reflete no glaciar é de babar.

Contratei o passeio para hoje, saída prevista 8h30 do hotel. Eles são muito organizados por aqui:  mandam vans pegar os passageiros em vários hoteis e depois juntam todo mundo num ônibus na saída da cidade. E olha que a cidade não é grande, mas isso economiza tempo, dá trabalho para várias pessoas, e não faz com que os turistas fiquem rodando por vários hoteis, ou seja, é bom para todo mundo.  O ônibus era bem confortável, lotou.  Levamos  mais de 1h40 para chegar (ontem, de carro foi bem menos),mas a viagem foi tranquila.  Chegando no porto, pegamos um barco (isso fica uns kms antes de onde sai o barco que vai pelo lado norte do glaciar - o que fiz ontem), descemos numa praiinha do Lago Argentino, e toca subir por um terreno escorregadio, pedregoso, um tantinho íngreme.  Nada perigoso, mas  trabalhoso. Há guias em espanhol e inglês. Tudo ali é dominado pela Hielo y Aventuras, uma companhia de turismo daqui. Ou seja, para ter acesso é via barco deles, guias deles. Imagino que alguém que queira fazer a caminhada no gelo por si possa, mas tem de se entender com eles. Aliás, sobre o assunto, acabo de aprender um ditado novo com o pessoal daqui: Pueblo pequeño, infierno grande. Isso porque dizem que tem montes de coisas que não deveriam ser como são, e.g., o monopólio da HA para o minitrekking, big trekking.  Acho que não mencionei ontem, mas os locais, os da terra têm desconto especial em algumas lojas, não pagam para entrar no parque (o motorista que me atendeu tem de pagar P$7 e não acha correto - concordo - pois está levando gente para lá e está trabalhando), mas com o monopólio da HA o pessoal daqui não consegue fazer o passeio. É muito dinheiro para eles.

Nosso guia explicou um pouco do glaciar, de Perito Moreno (pessoa), e ajudou a gente a calçar a ferradura...na verdade chamam de grampões (há várias pessoas da HA para ajudar nisso).  Não sou do ramo, mas me pareceu um negócio meio primitivo. Dei uma pesquisada na net e há esse tipo de coisa (grampões) em aço, que deve pesar bem menos.  Além disso, para cúmulo de meu despreparo, não tenho tênis de amarrar (aliás até tenho, mas nunca usei, pois não gosto),o que gerou um problema para adaptar o tal grilhão, ferrão, ou o que seja.  O fato é que andei uns 15 minutos pelo gelo, subi, desci, e desencanei. Ia acabar ficando sem grampões, tênis, com o pé no gelo, e ainda ganhar uma hipotermia. Vi uma parte bem bonita do glaciar, imagino que tenha perdido a sensação de estar pendurada numa geleira, ver a vista, mas não deu. Tenho mais 7 dias de viagem, vou andar para caramba em BUE, vou andar aqui ainda, aquilo era pesado, meu esforço, justamente para não perder o tênis e o treco pelo caminho, era/seria muito grande, perigando acabar com as panturrilhas, tornozelos, joelhos.  Nananinanão...já vi, já entendi, e não é a minha.  O grupo foi praticamente todo.  O percurso arriba y abajo seria de uma hora e meia, mas levou menos pelo que percebi.  De todo jeito, todos gostaram bastante da experiência. Aliás, não tenho a menor dúvida de que, para quem gosta um pouco desse tipo de coisa, está mais bem preparado, é algo imperdível.

No meu caso, tomei água dos glaciares, caminhei pela mata na volta, pela praia, pelas pedreiras, e depois fui comer um lanchinho (tem de levar tudo, lá não tem nada), e sentar e apreciar aquela belezura toda.  Olhar já vale a viagem.

Saímos do lado sul por volta de 14h30: barco, ônibus, passarelas do parque.  Sim, as mesmas a que fui ontem, mas esse é um lugar a que eu voltaria 1000 vezes.  Sobe, desce, para, olha, anda, senta, levanta, sobe, desce...nada, nada, outro quilômetro e meio hoje. E o pessoal que andou pelo gelo ficou mais sentadinho, afinal fizeram um esforço danado, tinha muita gente acima dos 50 e até 60, então vamos com calma, né?

O fato é que, pelo menos para mim, o lado norte é o mais bonito.  O parque é bom demais de caminhar. As vistas são inebriantes, a gente não tem vontade de ir embora.  Então valeu muito ter voltado.

Aí, pé na estrada, e mais 1h40 de viagem até El Calafate.  Na volta o ônibus estava muito quente. Hoje o dia comeceu um tanto nublado (levemente), mas depois abriu e esquentou.  Realmente, eles estão muito mais preparados para o frio do que para o calor.  Um japa legítimo, que estava a meu lado, quase teve uma síncope por causa do calor, do ar pouco efetivo dentro do ônibus.  Quase tivemos um araquiri...Na chegada, de novo as vans nos esperavam, dividiram o grupo do ônibus e direto para os hoteis.  Isso desgastou menos a gente que já estava na "labuta"  desde cedo.

Bem, amanhã vou até o Lago Argentino aqui mesmo em El Calafate. Ainda não fiz isso, e quero ver a Baía Rotonda de pertinho.  Será um dia light.  Sábado também deve ser tranquilinho e domingo tenho meu 4x4 pelas montanhas.

Estou gostando imensamente de estar aqui, de estar fazendo o que estou fazendo, de flanar pela cidade, conversar com as pessoas, ver coisas lindas, lindas o tempo todo.  Tomara que dê para voltar um dia.

Rapidinhas:

  1. muitos restaurantes, lojas, dão a conta em pesos, euros, dólares
  2. fora lanchonete, sorveteria, todo lugar usa guardanapo de pano, engomadinho...

2 comentários:

  1. Miriam,
    Estou adorando seguir suas aventuras do outro lado do equador e cercado de neve e gelo.Um ótimo ano novo e devemos fazer uma festinha para que vc conte tudo ao vivo e a cores.
    Beijos,
    Fabricio

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  2. Darling, que delícia de viagem, não? Estou curtindo com você. Pena que agora não podemos mais postar comentários nas fotos do Picasa sem abrir um perfil detalhado no Google. Bjs

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